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CIÊNCIA
Sonda reforça
tese de mar em
lua de Júpiter
MARCELO FERRONI
Editor-assistente de Ciência
Uma nova evidência obtida na
semana passada pode comprovar
definitivamente que Europa, uma
das luas de Júpiter, contém um
oceano líquido e salgado abaixo
de sua crosta de gelo.
A possibilidade de que Europa
seja um satélite totalmente coberto por um oceano o transforma
no principal candidato do Sistema Solar a abrigar formas de vida.
Os novos dados foram coletados em 3 de janeiro pela sonda espacial Galileo, que deu um "rasante" no satélite, passando a 351
km de sua superfície.
Desta vez, foram medidas algumas variações no campo magnético do satélite, para determinar
se existe ou não água líquida abaixo de sua crosta.
Mais precisamente, um instrumento chamado magnetômetro
estudou mudanças na posição do
pólo magnético de Europa. Essas
mudanças levaram à conclusão
de que existe realmente um oceano submerso, que pode ter até 100
km de profundidade.
Movimentos elétricos
Quando uma bússola é observada, ela sempre aponta sua agulha
para o pólo norte magnético do
planeta. Na Terra, esse pólo, que
se desloca um pouco todo o ano,
está próximo ao Pólo Norte.
Agora, se uma bússola fosse observada na superfície de Europa, a
seta apontaria para uma região
próxima ao equador. E o mais estranho é que o ponteiro iria variar
muito ao longo de um ano. Isso
porque os novos dados da Galileo
indicam que o pólo magnético de
Europa muda de posição a cada
cinco horas e meia.
Segundo Margaret Kivelson, da
Universidade da Califórnia em
Los Angeles, o grande deslocamento do norte magnético de Europa se deve à presença de água.
Na Terra, cientistas acreditam
que a existência do campo magnético e sua movimentação ocorrem devido às correntes elétricas
geradas pelo deslocamento de
metal fundido no centro do planeta. Em Europa, o principal causador das correntes elétricas pode
ser o suposto oceano salgado.
"Sou cautelosa por natureza,
mas essa nova evidência certamente torna a idéia de um oceano
muito mais persuasiva", disse a
pesquisadora. Kivelson trabalha
em conjunto com o Laboratório
de Propulsão a Jato, da Nasa, que
opera a sonda Galileo.
"Correntes também poderiam
fluir em gelo parcialmente derretido, mas isso faz pouco sentido,
já que Europa é mais quente em
seu interior e, assim, é mais provável que o gelo esteja totalmente
derretido", completou Kivelson.
Fissuras no gelo
O indício é mais um a indicar a
existência de água líquida. Em setembro de 1999, a revista "Science" publicou um estudo que mostrava a existência do oceano a
partir de rachaduras na superfície
do satélite.
Segundo a pesquisa, as rachaduras no gelo ocorreriam devido
a uma forte variação de marés em
Europa.
Em 2003, a Nasa planeja lançar a
sonda espacial Europa Orbiter,
para procurar dados que confirmem a teoria de que existe um
oceano em Europa e identificar
possíveis locais de pouso para
missões futuras. A sonda deverá
chegar a Júpiter em 2007.
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