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Grupo acha estrela com 13,2 bilhões de anos na Via Láctea
Astro que teve idade medida por cientistas do Observatório Europeu do Sul é quase tão antigo quanto o Universo
Técnica usada na pesquisa
envolve detecção de vários
elementos radioativos e
permitirá medir com mais
precisão a idade da galáxia
Adolf Schaller/Nasa
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Ilustração mostra Universo jovem com suas primeiras estrelas |
DA REDAÇÃO
Um grupo de astrônomos
conseguiu localizar dentro da
nossa galáxia uma das estrelas
mais velhas cuja idade já foi
medida. O fóssil cósmico, batizada com a sigla HE 1523-0901,
existe há 13,2 bilhões de anos e
é quase tão antiga quanto o
Universo, que tem cerca de 13,7
bilhões de anos.
A descoberta, descrita na edição de ontem da revista científica "Astrophysical Journal",
foi feita por uma equipe internacional de cientistas no ESO
(Observatório Europeu do Sul),
no Chile. Usando o VLT (Very
Large Telescope), um dos telescópios mais poderosos do planeta, o grupo conseguiu analisar a luz que vinha da estrela
para identificar os elementos
de que ela é composta e determinar sua idade por meio da
análise de sua estrutura.
A técnica usada pelos cientistas é a de comparar a quantidade de elementos radioativos
mais pesados que existem na
estrela. Esses elementos decaem -perdem partículas, formando outros elementos- a
uma taxa de tempo predeterminada e conhecida. Tendo
uma boa estimativa de como
deveria ser a estrela no momento de seu nascimento e de
como ela é agora, é possível estimar a idade do astro.
"Surpreendentemente, é
muito difícil acertar a idade de
uma estrela", disse Anna Frebel, astrônoma da Universidade do Texas, autora principal
do estudo, em comunicado à
imprensa. "Isso requer medidas muito precisas da abundância dos elementos radioativos
urânio e tório, algo que só os
grandes telescópios do mundo
podem atingir."
Esses elementos foram formados pelas explosões das primeiras estrelas que morreram
no Universo. HE 1523-0901 é
uma estrela de segunda geração, formada a partir desses
restos. Com boas teorias sobre
o Universo, os cientistas podem estimar qual deveria ser a
composição dela no momento
de seu nascimento.
Relógio cósmico
Após medir a "assinatura" da
luz da estrela por sete horas e
meia no ESO, os cientistas conseguiram determinar não só a
diferença de proporção entre
urânio e tório, mas também entre urânio e irídio, tório e európio e outros elementos dentro
da estrela. Cada uma dessas
comparações serve como um
"cronômetro" diferente para
determinar a passagem do tempo dentro da estrela. Quanto
maior o número delas, maior a
precisão do estudo.
"Até hoje, não era possível
medir mais do que um único relógio cósmico para uma estrela", diz Frebel. "Agora, porém,
conseguimos fazer seis medidas só para essa estrela."
Segundo os cientistas, sua
técnica vai ajudar tornar outras
medidas mais precisas. "Medidas estelares como essa fornecem um limite mínimo para a
idade da galáxia e, conseqüentemente, do Universo", escrevem os pesquisadores. A composição dessas estrelas por sua
vez pode dar pistas sobre como
era o Universo jovem, com apenas 500 milhões de anos.
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