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Castanha-de-caju traz
protetor solar natural
Universidade de Brasília faz testes com o produto
INGRID AGUIAR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma substância presente no
óleo extraído da castanha-de-caju poderá em breve compor
protetores solares. Um grupo
de pesquisadores da UnB (Universidade de Brasília) mostrou
que um dos componentes do
produto é eficaz no bloqueio de
raios ultravioleta (UVA e UVB),
que causam queimaduras e elevam o risco de câncer.
Os testes pré-clínicos (sem
aplicação do composto em pessoas) foram concluídos há pouco, em uma parceria com a Universidade Católica de Brasília e
da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Após a
obtenção de patente internacional, novos testes serão feitos
em laboratórios registrados. Se
for aprovado, o produto poderá
ser usado na indústria farmacêutica e de cosméticos.
A pesquisadora Maria Lucília
dos Santos, professora do Instituto de Química da UnB, diz
que o laboratório já investiga os
componentes da castanha-de-caju há dez anos. Segundo ela, o
grupo busca usar matérias-primas nacionais abundantes "para fazer produtos de maior valor agregado".
Alguns dos principais ingredientes dos protetores solares
hoje no mercado são derivados
do petróleo -como o ácido paraminobenzóico (Paba)- e podem causar alergias. Os testes
realizados em cobaias revelaram que, apesar de o óleo de
castanha-de-caju ser cáustico e
poder até provocar queimaduras se usado na forma bruta, algumas das novas substâncias
sintetizadas pela equipe não
apresentaram toxicidade na
presença da luz e não causaram
irritação cutânea e ocular.
Ao contrário dos derivados
do petróleo, a nova substância
viria de um fator abundante e
renovável. "O Brasil exporta toneladas desse óleo sem processamento, e o produto poderá
ter um preço mais acessível",
disse a pesquisadora.
O interesse pelo fruto surgiu
a partir de estudos publicados
sobre o uso de componentes do
óleo na indústria farmacêutica.
O óleo da castanha de caju já é
usado em larga escala nas indústrias de tintas e automotiva."Fábricas na Índia, por
exemplo, retiram do caju uma
substância análoga do ácido
acetilsalicílico, princípio ativo
da aspirina", afirma Santos.
Os pesquisadores acreditam
que a comercialização do protetor solar com componentes
do óleo de castanha-de-caju
poderá ajudar a indústria nacional de plantio e processamento do fruto a baratear o
custo final de seus derivados
para os consumidores.
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