São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

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Destroços de choque de satélites podem ameaçar estação espacial

Risco é baixo, afirma cientista; colisão, inédita, ocorreu na última terça-feira

WILLIAM J. BROAD
DO "NEW YORK TIMES"

Durante décadas, os especialistas da área espacial alertaram para o fato de que as órbitas ao redor da Terra estão tão lotadas que dois satélites poderiam um dia colidir, criando perigosas nuvens de destroços.
Aconteceu na última terça-feira. E os fragmentos podem ameaçar a ISS (Estação Espacial Internacional), que orbita 435 km abaixo da altitude onde ocorreu a colisão, com três astronautas a bordo -embora o risco seja pequeno.
"Isso é um fato inédito, infelizmente", disse Nicholas Johnson, cientista-chefe de destroços orbitais da Nasa.
O choque aconteceu a 780 km de altitude, sobre a Sibéria, por volta das 15h (hora de Brasília). Dois satélites de comunicações -um russo e um americano- se aniquilaram. Após o choque, radares em terra rastrearam grandes quantidades de fragmentos rumando para órbitas mais altas e mais baixas.
"Nada com essa dimensão" jamais aconteceu antes, disse Johnson. "Tivemos três outras colisões com o que chamamos de objetos de catálogo, mas todos eram muito menores."
O satélite americano era um Iridium, parte de uma constelação de 66 naves. A empresa afirmou em nota que havia "perdido um satélite operacional" na terça, aparentemente após colisão com um satélite russo "não-operacional".
Para a empresa, não haverá prejuízo ao serviço. Os telefones Iridium podem ser usados em qualquer parte do mundo.
Johnson disse que os radares militares dos EUA ainda precisam determinar o número de fragmentos detectáveis da colisão. "Vai levar um tempo", afirmou. "É muito, muito difícil discriminar todos esses objetos quando eles estão todos juntos. Nos próximos dias vamos entender melhor [a situação]." No mínimo, afirmou, "acho que estamos falando de dezenas, senão centenas [de fragmentos]".
Os destroços poderiam ameaçar a estação espacial e sua tripulação, afirmou.
"Na verdade, há destroços que acreditamos já estarem chegando à altitude da estação espacial", disse. Mas o risco para o complexo, segundo ele, "será muito, muito baixo". No pior caso, afirmou, "teremos de desviar deles. São as coisas pequenas, que você não vê, que podem lhe causar mal".
Em Houston, os controladores da ISS frequentemente ajustam a sua órbita para desviar de pedaços de lixo espacial, que têm uma velocidade tão alta que até mesmo fragmentos mínimos representam uma ameaça grande.
Johnson disse que as novas nuvens de destroços podem eventualmente ameaçar outros satélites, numa reação em cadeia orbital. "Estamos tentando quantificar esse risco."


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