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Destroços de choque de satélites podem ameaçar estação espacial
Risco é baixo, afirma cientista; colisão, inédita, ocorreu na última terça-feira
WILLIAM J. BROAD
DO "NEW YORK TIMES"
Durante décadas, os especialistas da área espacial alertaram para o fato de que as órbitas ao redor da Terra estão tão
lotadas que dois satélites poderiam um dia colidir, criando perigosas nuvens de destroços.
Aconteceu na última terça-feira. E os fragmentos podem
ameaçar a ISS (Estação Espacial Internacional), que orbita
435 km abaixo da altitude onde
ocorreu a colisão, com três astronautas a bordo -embora o
risco seja pequeno.
"Isso é um fato inédito, infelizmente", disse Nicholas
Johnson, cientista-chefe de
destroços orbitais da Nasa.
O choque aconteceu a 780
km de altitude, sobre a Sibéria,
por volta das 15h (hora de Brasília). Dois satélites de comunicações -um russo e um americano- se aniquilaram. Após o
choque, radares em terra rastrearam grandes quantidades
de fragmentos rumando para
órbitas mais altas e mais baixas.
"Nada com essa dimensão"
jamais aconteceu antes, disse
Johnson. "Tivemos três outras
colisões com o que chamamos
de objetos de catálogo, mas todos eram muito menores."
O satélite americano era um
Iridium, parte de uma constelação de 66 naves. A empresa
afirmou em nota que havia
"perdido um satélite operacional" na terça, aparentemente
após colisão com um satélite
russo "não-operacional".
Para a empresa, não haverá
prejuízo ao serviço. Os telefones Iridium podem ser usados
em qualquer parte do mundo.
Johnson disse que os radares
militares dos EUA ainda precisam determinar o número de
fragmentos detectáveis da colisão. "Vai levar um tempo", afirmou. "É muito, muito difícil
discriminar todos esses objetos
quando eles estão todos juntos.
Nos próximos dias vamos entender melhor [a situação]." No
mínimo, afirmou, "acho que estamos falando de dezenas, senão centenas [de fragmentos]".
Os destroços poderiam
ameaçar a estação espacial e
sua tripulação, afirmou.
"Na verdade, há destroços
que acreditamos já estarem
chegando à altitude da estação
espacial", disse. Mas o risco para o complexo, segundo ele,
"será muito, muito baixo". No
pior caso, afirmou, "teremos de
desviar deles. São as coisas pequenas, que você não vê, que
podem lhe causar mal".
Em Houston, os controladores da ISS frequentemente
ajustam a sua órbita para desviar de pedaços de lixo espacial,
que têm uma velocidade tão alta que até mesmo fragmentos
mínimos representam uma
ameaça grande.
Johnson disse que as novas
nuvens de destroços podem
eventualmente ameaçar outros
satélites, numa reação em cadeia orbital. "Estamos tentando quantificar esse risco."
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