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Amazônia terá torre de pesquisa de 320 m
Observatório atmosférico de R$ 24 milhões estudará clima da floresta tropical e sua relação com o aquecimento global
Instituto brasileiro lidera projeto feito em parceria com alemães; autorizado por ribeirinhos, complexo ficará em reserva no AM
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
Uma torre de 320 metros de
altura (quase o dobro do Edifício Itália, um dos mais altos de
São Paulo) será construída na
Amazônia para monitorar a atmosfera e os gases-estufa.
Com a torre, os cientistas esperam ter condições de fazer
projeções mais confiáveis sobre os impactos das mudanças
climáticas globais na Amazônia
para os próximos 30 anos.
A construção da estação de
pesquisa, uma parceria entre
Brasil e Alemanha, deve terminar no final do próximo ano e
terá investimentos de R$ 24
milhões. No projeto Atto (sigla
em inglês para Observatório
Amazônico de Torre Alta), os
cientistas farão as pesquisas
270 metros acima das copas
das árvores. Hoje, as maiores
torres usadas para pesquisas na
região têm 67 metros.
"A grande função das torres
será mostrar com dados científicos a importância da floresta
amazônica em termos de serviços ambientais e, com isso, incentivar as políticas públicas e
desenvolver instrumentos para
combater o desmatamento",
diz Jochen Schöngart, pesquisador do Instituto Max Planck
de Química, da Alemanha, que
participa do projeto. Pelo Brasil, coordenam o projeto o Inpa
(Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) e a Universidade Estadual do Amazonas.
O Atto terá a maior torre de
observação atmosférica da
América Latina. Outras quatro
torres de 80 metros serão erguidas no entorno da principal.
O complexo será construído
dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, em Presidente Figueiredo (133 km de Manaus). A comunidade ribeirinha que mora
na reserva autorizou o projeto.
Segundo o físico Antônio
Manzi, do Inpa, as torres serão
erguidas sem derrubar árvores.
"A floresta sempre tem uma
série de clareiras naturais. A
ideia é identificarmos o lugar
menos perturbado possível."
Ao longo da torre maior serão instalados radares e perfiladores atmosféricos de temperatura, umidade, aerossóis e
sensores de medidas de concentração e fluxos de gases. Do
alto, cientistas de diversas
áreas vão monitorar fenômenos a mais de 1.000 km -usando equipamentos como um
sensor que mede a concentração de gás carbônico no ar.
"Em campanhas intensivas
de coleta de dados, que deveremos organizar, poderemos ter
algumas dezenas de pesquisadores trabalhando ao mesmo
tempo no sítio experimental,
ou seja, estarão por perto dos
equipamentos", explica Manzi.
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