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Periódico científico aceita
publicar trabalho forjado
Editor pede demissão após denúncia, feita pela revista americana "The Scientist'
Autores inventaram nomes e instituição e geraram seu
"estudo" num programa de
computador que compõe
artigos de forma aleatória
Stan Honda/France Presse
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SUPERLOTAÇÃO
O ônibus espacial Endeavour; nave deve decolar hoje para a
ISS (Estação Espacial Internacional), que ficará pela primeira
vez com 13 tripulantes; a missão durará cerca de duas semanas
DA REDAÇÃO
O editor-chefe do periódico
científico de acesso aberto
"The Open Information Science Journal", Bambang Parmanto, pediu demissão anteontem,
depois que foi revelado que sua
revista aceitou publicar um artigo científico sem sentido, gerado por computador por dois
pesquisadores brincalhões.
A denúncia foi feita na quarta-feira pela revista norte-americana "The Scientist".
O periódico teria informado
aos dois "autores" que seu manuscrito já havia passado por
"peer-review" (revisão pelos
pares), processo pelo qual artigos científicos são avaliados
por pareceristas independentes -justamente para evitar erros ou fraudes. Em seguida, teria cobrado deles US$ 800 de
taxa de publicação.
Acontece que tudo no artigo,
intitulado "Desconstruindo
Pontos de Acesso", era falso. A
começar de seus autores, David
Philips e Andrew Kent, pseudônimos do doutorando em comunicação científica Philip Davis, da Universidade Cornell
(EUA), e de Kent Anderson,
executivo do periódico de acesso fechado "New England
Journal of Medicine". No artigo de gozação, os autores se intitulavam pesquisadores de um
certo Center for Research in
Applied Phrenology, ou Crap
("titica"), na sigla em inglês.
Davis e Anderson produziram seu artigo usando um programa de computador criado
no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) que gera
randomicamente artigos científicos. Em sua página na internet (pdos.csail.mit.edu/sci
gen), os criadores do programa
dizem logo de cara: "Nosso objetivo é maximizar a diversão,
não a coerência".
"Eu queria ver se esse artigo
passaria por "peer-review'",
disse Davis à "The Scientist".
"[Ele] tem a aparência de um
artigo, mas não faz sentido nenhum", afirmou.
Uma prova do que ele diz é o
seguinte trecho do falso estudo:
"Simetrias compactas e compiladores amealharam tremendo
interesse tanto de futuristas
quanto de biólogos nos últimos
anos. A falha desse tipo de solução, no entanto, é que os DHTs
podem ser empáticos, extensíveis e em larga escala."
Por favor, publique
Davis disse que começou a
desconfiar da Bentham Science
Publishers, empresa que edita
o "Open Information Science
Journal", depois de receber diversos spams solicitando que
submetesse artigos a um de
seus "mais de 200 periódicos".
"Uma das coisas que nos chamaram atenção foi o fato de que
eles estavam agressivamente
solicitando manuscritos", disse
Anderson à "The Scientist".
O artigo falso foi submetido
para publicação em janeiro. Na
semana passada, Anderson recebeu um e-mail da Bentham
dizendo que o artigo havia sido
aceito para publicação -e pedindo o cheque de US$ 800.
Mas nunca recebeu os comentários dos pareceristas, algo
corriqueiro em publicações
com "peer-review". Davis decidiu que seria antiético pagar e
suspendeu o "experimento".
O episódio é mais um da
guerra que envolve publicações
de acesso fechado, como o
"New England Journal of Medicine", e periódicos abertos.
Estas revistas ajudam a democratizar a informação científica ao torná-la disponível para qualquer pessoa. Em vez de
cobrar do leitor, elas cobram
dos autores pela publicação de
um artigo -taxas que podem
chegar a US$ 3.000, frequentemente pagas por universidades
e instituições de fomento.
Por outro lado, diz Davis, o
acesso aberto pode facilitar o
surgimento de periódicos caça-níqueis, sem qualidade -como
parece ser o caso do "The Open
Information Science Journal".
Mahmud Alam, diretor de
publicações da Bentham, disse
à revista "New Scientist" que
seu pessoal apenas fingiu que
aceitara a fraude para flagrar os
falsos autores. O editor que renunciou, porém, disse não ter
visto o artigo nem ter ficado sabendo da estratégia do chefe.
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