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Lei florestal
revista pode
criar "chuva
de processo"
Ecólogo da USP afirma que órgãos
não terão como lidar com demanda
Fiscalização sobre áreas
de proteção permanente
pode se tornar inviável
com projeto que tramita
no Congresso, afirma
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
Se aprovada no Congresso, a reforma no Código Florestal deve causar um efeito
colateral até agora subestimado: um congestionamento dos órgãos ambientais.
A opinião é do ecólogo
Jean-Paul Metzger, da USP,
que analisou a proposta de
mudança na lei florestal
apresentada na última terça
pelo deputado federal Aldo
Rebelo (PCdoB-SP).
Segundo Metzger, faltam
analistas ambientais para lidar com os pedidos de redução de reserva legal e APP
(área de preservação permanente) potencialmente ensejados pela reforma.
Reserva legal é a porção de
um imóvel rural na qual a vegetação nativa deve ser mantida em pé, sem corte raso.
Áreas de preservação permanente são margens de rio,
encostas, várzeas e topos de
morro, nas quais a vegetação
deve ficar intacta porque
conserva recursos hídricos e
impede a erosão. O substitutivo de Rebelo dá poder a órgãos do Sisnama (Sistema
Nacional de Meio Ambiente)
para decidir sobre redução
de APPs, por exemplo.
Porém, como o Sisnama é
integrado tanto pelos órgãos
federais quanto pelas secretarias estaduais e municipais, diz Metzger, "vai chover
processo" de regularização
sem haver quem os avalie.
"Noventa por cento dos
municípios não têm sequer
órgão ambiental", diz.
E a fiscalização deve ficar
mais difícil. "Hoje eu ando
pelo interior paulista e sei
qual propriedade está regular. Agora eu não saberei se
numa dada área não teve um
processo do proprietário [para rever os limites]", diz.
Os pedidos de vista e a
apresentação de emendas ao
projeto de Rebelo podem
acontecer na próxima quarta-feira. A votação do texto
em comissão especial da Câmara começa no dia 23 e, para a bancada ruralista, pode
ser concluída até 15 de julho.
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