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MEDICINA
Técnica poderia ajudar mulheres que tiveram câncer de ovário ou que estão na menopausa a ter filhos no futuro
Operação restaura fertilidade em macaca
MAXINE FRITH
DO "INDEPENDENT"
O mais importante avanço no
tratamento da infertilidade feminina em décadas foi anunciado
por cientistas ontem, com a conclusão de um experimento, em
animais, capaz de reverter as consequências da menopausa e permitir que o período fértil seja prolongado quase indefinidamente.
Pesquisadores nos EUA revelaram que tiveram sucesso ao transplantar tecido de ovário em uma
fêmea de macaco reso. O tecido
deu origem a óvulos maduros,
que foram extraídos e fertilizados
em laboratório. Os embriões resultantes foram reimplantados no
útero, culminando no nascimento de uma fêmea saudável.
Embora transplantes de ovário
com posterior nascimento já tenham sido conduzidos antes em
ratos e ovelhas, essa é a primeira
vez que o procedimento é feito
com uma espécie tão próxima do
ser humano. Acredita-se que os
resultados, a serem publicados
numa revista médica no mês que
vem, possam levar a feitos similares em mulheres em dez anos.
O avanço dá esperanças a jovens que sofreram de câncer de
ovário e foram deixadas inférteis
por radioterapia. Também significa que mulheres no início da
menopausa poderiam ter tecido
ovariano saudável removido, para ser preservado e reimplantado
quando quisessem ter um filho.
"Esse procedimento tem utilidade para preservar o potencial
reprodutivo de sobreviventes de
câncer e tratar menopausa, sugerindo que bancos de tecidos ovarianos em humanos possam ser
concebíveis", disse David Lee, que
liderou a pesquisa no Centro de
Pesquisa Nacional de Primatas do
Oregon, nos EUA.
O avanço levanta sérias questões sobre a ética de permitir que
mulheres que já passaram pela
menopausa tenham bebês.
No momento, mulheres que desenvolvem câncer e estão correndo risco de se tornar estéreis podem ter seus óvulos removidos e
guardados para uso futuro.
Mas há restrições sobre isso e
óvulos mais antigos têm menos
chance de resultar numa gravidez
bem-sucedida. O novo sucesso
significa que tecidos ovarianos
saudáveis podem ser preservados
quase indefinidamente e novos
óvulos podem ser obtidos quando
quer que se faça o transplante.
Jack Scarisbrick, líder da ONG
Life, disse: "Isso é trapacear a natureza. Além dos efeitos desse experimento num macaco, é mais
um exemplo de como a procriação humana está sendo transformada num procedimento conduzido num laboratório, quando a
natureza ditou que a fertilidade
não era possível".
Para muitas mulheres, entretanto, esse procedimento removeria o trauma de perder sua fertilidade antes de atingirem a fase
em que gostariam de ter filhos.
O anúncio do sucesso experimental foi feito na abertura da
Conferência Anual da Sociedade
Americana para Medicina Reprodutiva, no Texas (EUA).
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