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Agronegócio apoia campanha de Aldo
Deputado lidera projeto que flexibiliza Código Florestal; mais dez membros da comissão receberam doação
Pela primeira vez, um parlamentar do PCdoB recebeu dinheiro de empresas do setor agrícola, como a Bunge
Sérgio Lima - 29.jun.2010/Folhapress
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Deputados Rebelo (PCdoB) e Moacir Micheletto (PMDB)
FERNANDA ODILLA
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
Setores interessados em
flexibilizar o Código Florestal
financiaram a campanha de
11 dos 13 deputados que votaram a favor do relatório de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), aprovado em 6 de julho por comissão especial da Câmara.
O próprio Rebelo foi um
dos beneficiários ao receber
neste ano verbas de empresas ligadas ao campo.
Só de cooperativas de produtores de café, cana e laranja, Rebelo recebeu R$ 130
mil. O comitê financeiro de
seu partido também recebeu
doações de cooperativas do
setor, além de R$ 70 mil da
Bunge Fertilizantes, mesma
quantia doada a deputados
ruralistas que integraram a
comissão especial.
Os cafeicultores têm interesse direto na alteração da
lei sobre florestas. Grande
parte do café plantado no sul
de Minas e no Paraná está em
encostas, áreas de preservação permanente (APPs).
Se o código fosse cumprido à risca, como determina o
decreto de 2008 que o regulamentou, a maior parte do café estaria ilegal, e os produtores, sujeitos a multa. O parecer de Rebelo tira encostas e
topos de morro da categoria
de APP e anistia de multa os
desmates até julho de 2008.
Questionado sobre se sua
atuação sobre o código influenciou no perfil de seus
doadores em 2010, Rebelo
primeiro afirmou "não crer"
que seu relatório atraiu financiadores. Disse que a arrecadação ficou por conta do
tesoureiro da campanha.
Num segundo momento,
admitiu que pode ter sido
procurado por representantes do setor. "Também doaram para outras campanhas", disse. "Doaram mais
para a da Marina [Silva] do
que para a minha."
A Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé (MG),
porém, sabe muito bem por
que doou R$ 50 mil para a
campanha do deputado. Foi
"justamente" por causa do
parecer, disse o seu presidente, Carlos Paulino da Costa.
"CERTAS ONGS"
"Havia uma campanha de
certas ONGs que queriam impedir a eleição dele. Como o
Código Florestal defende os
nosso interesses, era hora de
fazermos o contra-ataque."
A Bunge também estreou
como doadora do PCdoB.
A multinacional nega que
tenha sido motivada pelo
projeto do código. "As contribuições são baseadas em
posturas amplas de busca
permanente da promoção do
desenvolvimento sustentável", afirmou am nota.
Apenas Marcos Montes
(DEM-MG) admitiu ter procurado representantes do setor
para pedir doação. "Precisamos nos mobilizar para a sociedade entender a importância do produtor rural."
Luis Carlos Heinze (PP-RS), Paulo Piau (PMDB-MG),
Homero Pereira (PR-MT),
Reinhold Stephanes (PMDB-PR) e Duarte Nogueira
(PSDB-SP) não condicionam
as doações à atuação na comissão. Dizem receber tradicionalmente doações do
agronegócio por terem uma
atuação ligada à agricultura.
Dos que foram a favor das
mudanças, só Ancelmo de Jesus (PT-RO) não recebeu dinheiro. Não consta a prestação das contas de Ernandes
Amorim (PTB-RO), barrado
na Lei da Ficha Limpa. Procurados por meio dos gabinetes na Câmara, os demais
deputados não retornaram.
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