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COPENHAGUE 2009
Cúpula do clima para sob protestos
Em dia marcado por manifestações, país-ilha que corre o risco de desaparecer bloqueou negociação
Tentativa de destravar o processo sai do Senado dos Estados Unidos; documento foi apresentado por grupo multipartidário anteontem
LUCIANA COELHO
CLAUDIO ANGELO
ENVIADOS ESPECIAIS A COPENHAGUE
No dia em que manifestantes
tomaram as ruas de Copenhague e mais de uma centena de
cidades ao redor do mundo pedindo um acordo justo, ambicioso e vinculante no clima, a
reunião diplomática que deveria produzir esse acordo foi suspensa. Motivo: Tuvalu, o país-ilha que corre o risco de desaparecer neste século sob mares
em elevação, bloqueou a negociação por achar que não havia
esforço suficiente dos países.
A mesma impressão foi manifestada ontem pela dinamarquesa Catherine, que levou a filha de oito anos e uma amiga,
num frio próximo a zero grau,
para acompanhar a passeata
que saiu da Praça do Parlamento e reuniu ao menos 30 mil
pessoas (até 100 mil segundo os
organizadores): "Acho que eles
poderiam estar fazendo mais".
No dia em que os ministros
começaram a chegar para a semana decisiva da COP-15, os diplomatas ainda não conseguiram desatar os principais nós
do processo. O maior deles é a
questão do financiamento a
longo prazo para o combate à
mudança climática nos países
em desenvolvimento.
Embora muitos acenos tenham sido feitos pelos países
desenvolvidos sobre o dinheiro
a ser dado até 2012, a própria
proposta de texto do acordo,
apresentada na sexta-feira, se
omite quanto a valores para o
período até 2020, quando pelo
menos US$ 150 bilhões anuais
seriam necessários.
Também ficou clara a indisposição dos países de assumirem sua parcela de responsabilidade. Nas entrevistas coletivas durante a semana, os negociadores tentavam empurrar a
culpa uns para os outros: a
União Europeia culpava os
EUA, que culpavam a China,
que culpava os EUA novamente, que culpava os emergentes
-e assim por diante.
"Uma semana se passou e estamos em uma situação na qual
não conquistamos o suficiente.
Se continuarmos nesse ritmo
não vamos conseguir atingir o
que precisa ser atingido na próxima semana", disse ontem o
ministro do Ambiente sueco,
Andreas Carlgren.
Uma tentativa de destravar o
processo surgiu no final da semana de onde ela era mais necessária: do Senado dos EUA.
Um documento de quatro páginas apresentado por três senadores detalha ações americanas contra a mudança climática, abraça um corte de 17% de
emissões até 2020 em relação a
2005 (o mesmo nível de redução proposto por Obama, mas
menor do que a proposta original do Senado, que falava em
20%) e promete também dinheiro a longo prazo para os
países em desenvolvimento.
"Isso indica para o pessoal
em Copenhague que nós estamos levando as coisas a sério",
disse John Kerry, democrata
de Massachusetts que apresentou o plano, ao lado de Lindsey
Graham (republicano) e Joe
Lieberman (independente).
O movimento foi visto como
um avanço, já que as chances de
um acordo de força legal em
Copenhague estão basicamente ligadas ao Senado dos EUA.
Enquanto a Casa não votar a
lei de mudança climática do
país, o presidente Barack Obama não poderá assinar nada
que amarre o país a um compromisso de corte de CO2.
Mude a política
No protesto de ontem, dezenas de milhares de pessoas pediram pressa aos negociadores.
Cartazes como "Não há planeta
B" e "Mude a política, não o clima" eram erguidos na concentração, em frente ao Parlamento. Às 14h (11h em Brasília), sob
monitoramento da polícia que
cercava o centro de Copenhague, os manifestantes iniciaram uma marcha, que chegou
duas horas depois ao Bella Center, onde acontece a cúpula.
A polícia disse que as autoridades também estavam monitorando um protesto não-autorizado de um grupo anticapitalista. Até hoje de manhã, 19 pessoas haviam sido detidas.
Com agências internacionais
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