São Paulo, quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

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Dino chinês teve "espinho" que deu origem às penas

Fóssil com 125 milhões de anos explica como surgiu estrutura herdada por aves

Penacho primitivo era usado para comunicação visual, mas não servia para voar nem para esquentar, diz estudo de paleontólogos

DA REDAÇÃO

Um fóssil encontrado na China revela que as primeiras penas a surgirem na história dos animais não eram muito parecidas com as estruturas que hoje permitem que as aves voem. Um dinossauro de 125 milhões de anos, dizem os pesquisadores, exibe uma série de estruturas que lembram mais as costas de um porco-espinho do que a asa de um pássaro.
O animal em questão é o Beipiaosaurus, um dinossauro com cerca de 2 metros de altura conhecido desde 1999. Paleontólogos já sabiam que ele estava relacionado com a evolução das penas, mas só um fóssil bem preservado encontrado agora revelou como elas eram.
Esse dinossauro na verdade tinha dois tipos de penas. Um deles era semelhante às das aves de hoje, mas os cientistas sabiam que esta não era a forma de pena mais primitiva possível, porque tinha uma estrutura sofisticada, cheia de ramificações, mais ou menos como as penas das aves atuais.
Em estudo na edição de ontem da revista "PNAS", porém, o paleontólogo Xing Xu, da Academia Chinesa de Ciências, mostra que o segundo tipo de pena do Beipiaosaurus era bem diferente. Sua estrutura era um filamento único, na verdade mais parecido com um grande espinho flexível do que com uma pena de pássaro.
Já há tempos que paleontólogos queriam encontrar algo assim. Estudos baseados no desenvolvimento embrionário de aves indicavam que a evolução das penas teria mesmo de passar por esse estágio. Só agora, porém, essa peça do quebra-cabeças foi encontrada.

Acessórios de desfile
Xu e seus dois coautores não sabem dizer ainda, porém, com que propósito essas penas de filamento único surgiram na evolução dos dinossauros. "É difícil inferir sua função primária", escrevem os cientistas. "Voo e termorregulação [aquecimento] estão excluídos da lista de possibilidades, dada a morfologia dessas penas e sua distribuição no corpo."
A hipótese mais plausível, por enquanto, afirmam os cientistas, é que as penas primitivas servissem para comunicação visual. Seu uso seria similar ao dos penachos de um pavão macho, que desfila sua cauda aberta para as fêmeas com a finalidade de atração sexual.
Essa é a "terceira função mais comum" para penas, diz Xu. Como as penas de filamento único eram compridas demais, rígidas e com distribuição muito esparsa, dinossauros provavelmente não poderiam tê-las usado para nada melhor que "exibição visual". Talvez seja por isso, aliás, que elas tenham sobrevivido tanto no registro fóssil. Há animais mais antigos do que o Beipiaosaurus com penas modernas, e há 125 milhões de anos as penas de filamento único já estavam um pouco fora de moda.


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