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Dino chinês teve "espinho" que deu origem às penas
Fóssil com 125 milhões de anos explica como surgiu estrutura herdada por aves
Penacho primitivo era usado para comunicação visual, mas não servia para voar nem para esquentar, diz estudo de paleontólogos
DA REDAÇÃO
Um fóssil encontrado na China revela que as primeiras penas a surgirem na história dos
animais não eram muito parecidas com as estruturas que hoje permitem que as aves voem.
Um dinossauro de 125 milhões
de anos, dizem os pesquisadores, exibe uma série de estruturas que lembram mais as costas
de um porco-espinho do que a
asa de um pássaro.
O animal em questão é o Beipiaosaurus, um dinossauro
com cerca de 2 metros de altura
conhecido desde 1999. Paleontólogos já sabiam que ele estava
relacionado com a evolução das
penas, mas só um fóssil bem
preservado encontrado agora
revelou como elas eram.
Esse dinossauro na verdade
tinha dois tipos de penas. Um
deles era semelhante às das
aves de hoje, mas os cientistas
sabiam que esta não era a forma de pena mais primitiva possível, porque tinha uma estrutura sofisticada, cheia de ramificações, mais ou menos como
as penas das aves atuais.
Em estudo na edição de ontem da revista "PNAS", porém,
o paleontólogo Xing Xu, da
Academia Chinesa de Ciências,
mostra que o segundo tipo de
pena do Beipiaosaurus era bem
diferente. Sua estrutura era um
filamento único, na verdade
mais parecido com um grande
espinho flexível do que com
uma pena de pássaro.
Já há tempos que paleontólogos queriam encontrar algo
assim. Estudos baseados no desenvolvimento embrionário de
aves indicavam que a evolução
das penas teria mesmo de passar por esse estágio. Só agora,
porém, essa peça do quebra-cabeças foi encontrada.
Acessórios de desfile
Xu e seus dois coautores não
sabem dizer ainda, porém, com
que propósito essas penas de filamento único surgiram na
evolução dos dinossauros. "É
difícil inferir sua função primária", escrevem os cientistas.
"Voo e termorregulação [aquecimento] estão excluídos da lista de possibilidades, dada a
morfologia dessas penas e sua
distribuição no corpo."
A hipótese mais plausível,
por enquanto, afirmam os cientistas, é que as penas primitivas
servissem para comunicação
visual. Seu uso seria similar ao
dos penachos de um pavão macho, que desfila sua cauda aberta para as fêmeas com a finalidade de atração sexual.
Essa é a "terceira função
mais comum" para penas, diz
Xu. Como as penas de filamento único eram compridas demais, rígidas e com distribuição
muito esparsa, dinossauros
provavelmente não poderiam
tê-las usado para nada melhor
que "exibição visual". Talvez
seja por isso, aliás, que elas tenham sobrevivido tanto no registro fóssil. Há animais mais
antigos do que o Beipiaosaurus
com penas modernas, e há 125
milhões de anos as penas de filamento único já estavam um
pouco fora de moda.
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