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"EIXO DO MAL" CIENTÍFICO
Ministério pede explicações à Dell sobre exigências a físicos
DA REDAÇÃO
O MCT (Ministério da
Ciência e Tecnologia) solicitou ontem à Dell Computadores do Brasil esclarecimentos sobre a tentativa da
empresa de policiar o uso de
computadores da marca por
físicos da Universidade Federal Fluminense.
A Folha revelou anteontem que a Dell exigiu que o
físico nuclear Paulo Gomes,
que comprara máquinas da
empresa, assinasse um documento se comprometendo a
não transferir os equipamentos a países do "eixo do
mal", como Cuba, Irã, Coréia
do Norte e Síria, e a não utilizá-los para produzir "armas
de destruição em massa". A
exigência foi feita depois que
a empresa descobriu, por
meio de gravações feitas enquanto a compra era acertada, que as máquinas iriam
para um instituto de física.
Gomes se recusou a assinar o termo e denunciou o
caso à comunidade dos físicos. Vários deles passaram a
pedir boicote à Dell. A Sociedade Brasileira de Física manifestou solidariedade a Gomes e recomendou anteontem que seus sócios não assinassem nenhum termo desse gênero.
A filial brasileira da Dell,
em Porto Alegre, alegou que
o termo era uma exigência
da lei americana e que a matriz da empresa nos EUA,
uma das maiores fabricantes
de computadores do mundo,
poderia ser punida pelo governo americano caso a determinação não fosse aplicada. Os EUA têm restringido
exportação de alta tecnologia para vários países por temerem seu uso militar.
Cientistas brasileiros têm
sofrido essas restrições.
O secretário de Política de
Informática do MCT, Augusto Cesar Gadelha, vê a questão de outra forma. Para ele,
a Dell do Brasil é uma empresa brasileira, que recebe
inclusive dinheiro do próprio MCT via Lei de Informática. "A Secretaria de Política de Informática surpreende-se que uma empresa brasileira, localizada em
território nacional, esteja fazendo exigências, com base
em normas de outro país, para venda de seus produtos",
afirmou o secretário em nota.
(CLAUDIO ANGELO)
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