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História de família inspira
roteiro de filme
DA EDITORIA DE TREINAMENTO
DA REPORTAGEM LOCAL
O caminhão está prestes
a entrar numa ponte
quando, de repente, o motorista perde a visão por
completo. Ao perceber
que algo está errado, o co-piloto assume o volante
antes que o veículo bata e
finaliza o trajeto, sem entender o que acontece.
Não é uma passagem de
"Ensaio Sobre a Cegueira", filme de Fernando
Meirelles baseado no romance de José Saramago.
É a história de como o caminhoneiro Paulo Moschen, 53, descobriu sofrer
da síndrome de Leber, 25
anos atrás.
Diferentemente de seu
sobrinho Pedro Henrique
(com 10% de visão no olho
direito) e do irmão Claudio (5% da visão periférica
em ambos olhos), a perda
de Moschen foi definitiva.
Depois do episódio da
ponte, ele recuperou 3%
da visão esquerda. "Hoje,
fico o dia todo dentro de
casa. Limpo tudo e até
consigo lavar louça, já que
meus copos e pratos são
azuis, a cor que eu enxergo", conta. Não quis ouvir
o áudio do filme sobre pessoas que, como ele, cegaram de repente. "Não me
divertiria sem ver nada."
Segundo Odete Moschen, irmã de Paulo e mãe
de Pedro Henrique, a mutação que causou a doença
na família foi trazida da
Itália pela sua bisavó, Maria Franchi, no século 19.
A história de Moschen,
que escreveu um livro sobre a doença, inspirou o
roteiro de um filme, "O Fio
de Ariadne", de Laura Malin, co-produzido por Marília Pêra -que interpretará Odete Moschen.
Fé na ciência
Pedro, hoje com 21 anos,
está no último ano do curso de educação física.
Além de estudar, é professor de natação num projeto social. "As pessoas não
percebem que tenho problema de visão. Só quando
preciso, por exemplo, me
aproximar muito do relógio para ver a hora", disse.
Para assistir à televisão
(e aos jogos do Flamengo),
só de muito perto também. O mesmo vale para
as leituras. "Tenho uma
lupa para me ajudar."
Apesar de ter apreendido a conviver com a nova
realidade nestes últimos
sete anos, Pedro também
coloca suas fichas nas pesquisas que estão sendo feitas em sua família. "Claro
que já descobriram muitas
coisas, mas nada ainda que
tenha sido muito efetivo.
Vamos esperar."
(LF, SF, CF e EG)
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