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Brasil é o oitavo em proteção do clima
Ranking com 56 nações feito por ONG alemã diz que país emite pouco carbono, mas tem má política de mudança climática
País ficou atrás de 6 nações
européias e da Argentina,
enquanto EUA e Canadá
figuram nos últimos postos;
Itamaraty contesta critérios
ANA FLOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NAIRÓBI
O Brasil ficou em oitavo lugar
em um ranking que analisou os
países que mais combateram
mudanças climáticas no último
ano, atrás de seis países europeus e da Argentina.
O trabalho, chamado de Índice de Desempenho em Mudanças Climáticas, foi organizado
pela ONG Germanwatch, que
analisou as emissões de carbono na atmosfera resultantes da
produção de energia, a tendência de emissões por setor e as
políticas domésticas e internacionais na área de mudança climática. Os resultados foram divulgados ontem em Nairóbi,
durante a COP-12 (12ª Conferência das Partes) da Convenção do Clima da ONU.
Apesar de ter ficado entre os
dez primeiros colocados, o Brasil perdeu uma melhor posição
por não ter mais políticas internas para mitigação das mudanças climáticas ou por não apresentar uma postura internacional mais "progressista" na área,
segundo a ONG.
O ranking classificou a Índia
logo atrás do Brasil, em nono. A
China foi o 3º pior colocado,
por causa de sua matriz energética baseada em carvão.
Christoph Bals, organizador
do estudo, disse que o Brasil vai
bem em termos de emissões de
carbono -não entram no cálculo emissões causadas por
desmatamento- e em tendências de emissão por setor da
economia. Por esses dois aspectos, o país merecia estar entre os cinco primeiros da lista.
No entanto, "se fossem analisadas somente as políticas, o
Brasil estaria entre os cinco últimos, ao lado dos EUA e da
Arábia Saudita", disse Bals. "O
Brasil não é um país que bloqueia as negociações, mas tampouco pressiona para levá-las
adiante", disse Matthias Duwe,
diretor-executivo para a Europa da Climate Action Network,
rede de ONGs que na última
sexta-feira deu ao Brasil o título de "fóssil do dia" em Nairóbi.
Autoridade
A delegação brasileira se recusou a comentar o ranking.
Segundo um dos negociadores
brasileiros, a delegação desconhece os especialistas que teriam opinado sobre a política
externa brasileira na área.
O trabalho analisou a situação em 56 países que, individualmente, respondem por 1%
ou mais das emissões globais de
carbono. Os dados utilizados
são da IEA (Agência International de Energia, na sigla em
inglês). A análise das políticas
domésticas foi realizada por especialistas dos países estudados, enquanto especialistas internacionais fizeram comentários sobre as posições internacionais de cada país.
Na composição dos dados, as
tendências de emissões representaram 50% do peso final, as
emissões lançadas na atmosfera, 30%, e as políticas, 20%.
Apesar de a Suécia ter ficado
em primeiro lugar no ranking,
os organizadores do estudo deixaram claro que não há "vencedores". "Se a proteção do ambiente fosse uma prova olímpica, nenhum país conseguiria
uma medalha", disse Duwe, reforçando que os resultados demonstram que esforços feitos
até agora para mitigar o efeito
estufa são insuficientes.
A má posição dos países que
ficaram pior colocados variou
entre grande número de emissões e boas políticas, como a
China, e péssima postura internacional e falta de ação interna,
como EUA, Austrália e Canadá.
Da forma como o índice foi
organizado, a mudança nas políticas públicas de um país pode
ter resultado imediato no ranking do ano seguinte. "Se os Estados Unidos, atualmente entre os cinco piores, fossem tão
progressivos quanto o Reino
Unido, subiriam pelo menos 30
posições", afirmou Bals.
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