São Paulo, domingo, 14 de novembro de 2010

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Cerrado vai ganhar corredor ecológico de 20 quilômetros

Área será ligação entre o parque nacional da Chapada dos Veadeiros e reserva na Serra do Tombador

Atualmente, pontos de desmatamento pelo caminho dificultam o tráfego de animais e facilitam a sua caça

Eduardo Knapp/Folhapress
O pepalanto faz parte dos 43% de espécies endêmicas do bioma cerrado.

GIULIANA MIRANDA
ENVIADA ESPECIAL A CAVALCANTE
(GO)

O cerrado -segundo bioma mais ameaçado do Brasil, atrás apenas da mata atlântica- ganhará um corredor ecológico ligando dois de seus principais polos de conservação: o parque nacional da Chapada dos Veadeiros e a reserva particular da Serra do Tombador, em Goiás.
Com cerca de 20 quilômetros de extensão em linha reta, o corredor permitirá que os animais da região circulem com facilidade entre as duas áreas de preservação.
Além de facilitar o tráfego das espécies, o corredor irá permitir a fuga dos animais para ambientes seguros em caso de incêndios.
Atualmente, há vários pontos de desmatamento no caminho entre essas duas reservas, o que dificulta a circulação e deixa os bichos mais vulneráveis à caça e a outras ameaças.
Pelo atual Código Florestal, os terrenos particulares do cerrado precisam manter 20% de sua área preservada: a chamada reserva legal.
Idealizadora do projeto, a Fundação Boticário de Proteção à Natureza -que administra a reserva da Serra do Tombador- pretende criar o corredor usando as áreas de reserva legal das propriedades que ficam no caminho.
Apesar da norma, é comum que os proprietários desmatem além do limite permitido, devido à falta de fiscalização e repressão.
"Para criar o corredor e ajudar o ecossistema, não é preciso grandes invenções. Basta fazer com que os fazendeiros preservem o que a lei determina", afirma a engenheira florestal e ex-professora da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) Maísa Guapyassú.
"Já que o governo não dá conta de tantas as demandas, é fundamental que a iniciativa privada colabore", disse Guapyassú, que é analista de projetos da fundação.
No projeto do corredor, o georreferenciamento, parte mais cara da iniciativa, será financiada pela fundação e ONGs (organizações não governamentais) parceiras.
O alto custo desse levantamento -que mapeia detalhadamente o terreno e identifica com coordenadas de GPS os principais "pontos de interesse", como estradas e nascentes de rio- é apontado como o principal entrave aos projetos de conservação.

CÓDIGO FLORESTAL
Embora as negociações para a implantação do corredor estejam adiantadas, os coordenadores do projeto alertam que uma eventual mudança no Código Florestal -que já está sendo discutida no Congresso- pode dificultar sua implementação.
"Todos os estudos para o corredor foram baseados na legislação atual. Se o percentual de reserva legal for reduzido, como em alguns casos prevê o novo código, teremos problemas", afirma a pesquisadora da fundação.

A jornalista GIULIANA MIRANDA viajou a convite da Fundação Boticário


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