São Paulo, domingo, 14 de novembro de 2010

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Pesquisa reprova voz dos atores brasileiros

Novo método avalia articulação, sonoridade e intensidade da voz

A técnica, que utiliza softwares avançados de análise acústica, foi criada por uma equipe de cientistas da Unesp

SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO

Não basta ter talento. Para pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista), falta preparo na voz de atores e atrizes do Brasil- requisito fundamental para se manter na profissão.
A avaliação é de fonoaudiólogos que estudaram- e reprovaram - as vozes de artistas a partir de um novo protocolo desenvolvido na própria Unesp.
A metodologia contou com análise acústica computadorizada para avaliar a articulação, sonoridade, qualidade e intensidade da voz.
Diferentemente da avaliação com técnicas tradicionais, o novo protocolo permitiu destacar diferenças sutis entre vozes "normais" (sem treinamento) e "supranormais" (com treino).
"Nossos atores e atrizes não passaram no teste, ao contrário dos atores de outros países", diz a fonoaudióloga Suely Master, que fez seu doutorado no tema.
As vozes dos artistas avaliados não apresentaram o chamado "formante do ator", ou seja, um pico na região de 2 a 4 kHz no espectro de som. Isso significa que o grupo não aguentaria muito tempo de palco sem prejudicar as cordas vocais.

NOVOS PARÂMETROS
A metodologia desenvolvida na Unesp, de acordo com Master, facilita o treinamento da voz do ator "que pode ver a sua evolução no espectro da sua voz".
"Os atores precisam se conscientizar de que é preciso ter uma boa técnica para poder se expressar livremente. A voz produzida com menos esforço pode durar ao longo dos anos", completa.
A pesquisadora alerta ainda que o trabalho de voz é bastante antigo (data da época do teatro grego), mas o treinamento modificou-se bastante neste ultimo século.
"Seria bom se os atores desenvolvessem sua voz como fazem os cantores líricos", completa a especialista.


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