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Cúpula da Polônia teve fim "triste", diz embaixador
DA ENVIADA A POZNAN (POLÔNIA)
O embaixador extraordinário do clima do Brasil, Sérgio
Serra, avaliou que a 14ª Conferência do Clima, em Poznan,
terminou num "tom ruim", de
forma "triste e decepcionante".
A declaração melancólica, diz,
se deve ao fato de os países industrializados, notadamente a
Rússia, barrarem mecanismos
que poderiam aumentar os recursos para o fundo de adaptação às mudanças climáticas.
Esse é o instrumento financeiro para apoiar projetos em
países vulneráveis ao aquecimento global. Hoje, o fundo é
alimentado com 2% dos créditos gerados para projetos de
melhorias do chamado MDL
(Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), programa pelo
qual países ricos ajudam os pobres a cortarem emissões em
troca do direito de emitir mais.
Uma das idéias barradas foi a
da obtenção de mais recursos
com o comércio de créditos de
emissões entre países ricos.
Atualmente, os recursos são
mínimos, de US$ 80 milhões ao
ano -e chegarão no máximo
US$ 300 milhões em 2012. A
aprovação de novos mecanismos representaria um valor de
US$ 20 bilhões para o fundo.
"Foi um episódio lamentável", disse Serra, ressaltando
que a idéia acabou "enterrada"
e não voltará à pauta de negociações no próximo ano.
Clima de enterro
Nem o otimista inveterado
Yvo de Boer, secretário da Convenção do Clima da ONU, disfarçou o clima triste ao fim do
encontro de Poznan, em meio à
briga de países em desenvolvimento contra desenvolvidos.
Visivelmente exausto após
concluir os trabalhos às 3h de
anteontem, ele disse que a atmosfera era "boa" na conferência do ano passado, em Bali
-diferentemente da deste ano
em Poznan. Boer alegou que a
mudança ocorreu porque agora, de fato, começaram as negociações para o próximo acordo
de metas de redução de emissões de gases-estufa, que deve
entrar em vigor após 2012.
Para Boer, os países ricos
avaliaram que não era o momento de oferecer mais recursos aos países pobres, pois isso
os enfraqueceria nas negociações de 2009. Isso porque o objetivo das nações ricas é fazer
com que os emergentes se comprometam também com as reduções de emissões de gases.
"Vamos ser honestos", disse,
explicando que conter recursos
é uma maneira de países desenvolvidos forçarem a mobilização dos em desenvolvimento.
Anfitrião do encontro, o sorridente Maciej Nowicki, ministro polonês do Meio Ambiente,
tentou colocar panos quentes.
"Não tivemos consenso aqui,
mas vamos trabalhar para conseguir isso em 2009", disse.
Aparentemente não percebeu o
clima de enterro. "Poznan é o
lugar em que a parceria entre o
mundo em desenvolvimento e
o desenvolvido para lutar contra a mudança climática avançou para além da retórica e se
transformou em ação real", disse. Acredite quem quiser.
(AB)
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