São Paulo, quinta-feira, 15 de março de 2007 |
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Fóssil chinês elucida evolução do ouvido Animal de 125 milhões de anos mostra transição entre mandíbula de réptil e ouvido médio de mamífero
RICARDO BONALUME NETO DA REPORTAGEM LOCAL Um fóssil que pode ser considerado o "elo perdido" da audição foi descoberto na China. O recém-batizado yanoconodonte, (Yanoconodon allini), tem os ossos do ouvido numa posição intermediária entre os de répteis e mamíferos modernos. O ouvido se divide em três partes: externo, que capta os sons; médio, que transforma a onda sonora em vibrações, através de pequenos ossos; e interno, onde o som é transformado em impulsos elétricos para envio ao cérebro. Os mamíferos são os únicos animais que têm três pequenos ossos interligados no ouvido médio, chamados martelo, bigorna e estribo. Esses ossos evoluíram a partir da mandíbula dos répteis, mas havia poucas evidências dessa transição no registro fóssil. "O yanoconodonte tem implicações significativas para a origem do ouvido médio, uma característica anatômica que distingue os mamíferos de todos os outros vertebrados", disse à Folha o líder da pesquisa Zhe-Xi Luo, do Museu Carnegie de Pittsburgh, nos EUA. Função vital Segundo Luo, o surgimento do ouvido médio foi o que deu aos mamíferos sua audição aguçada, fundamental para a sobrevivência do grupo em meio a dinossauros. Há mais de 65 milhões de anos atrás, os mamíferos eram provavelmente todos notívagos e precisavam ouvir bem para sobreviver. O fóssil, de 125 milhões de anos, era de um bicho de 15 cm e 30 g de peso. Ele está descrito hoje na revista "Nature". Criacionismo Religiosos que criticam a teoria da evolução dizem que formas transicionais não têm função prática e defendem a hipótese do "design inteligente", segundo a qual estruturas complexas, como animais, só podem ter ser criadas por uma inteligência divina. "Isso é rejeitado por cada nova descoberta de fóssil que revela uma condição evolutiva precursora de uma adaptação biológica moderna, como a estrutura transicional do yanoconodonte em relação ao ouvido médio do mamífero moderno." Mesmo integrados à mandíbula em animais "pré-mamíferos", os ossinhos tinham função. Seriam eficientes em detectar vibração do solo e sons graves, segundo Luo. Já o ouvido médio totalmente separado da mandíbula é mais sensível a sons trazidos pelo ar, especialmente os mais agudos. "É concebível que a estrutura intermediária do yanoconodonte fosse capaz de ambos. Ela não teria perdido sua utilidade em detectar som de baixa freqüência através da mandíbula em contato com o solo, mas teria ganho também uma melhor capacidade de ouvir o som vindo pelo ar", afirma Luo. Texto Anterior: Astronomia: Trombada cósmica destruiu planetóide vizinho de Plutão Próximo Texto: Efeito estufa: MCT quer criar rede para estudar clima Índice |
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