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DEPENDÊNCIA
Testes de companhia britânica têm bom resultado com composto que elimina sensações geradas pela droga
Empresa cria vacina para efeito da cocaína
DA REDAÇÃO
Uma empresa farmacêutica do
Reino Unido criou uma espécie
de vacina que pode auxiliar viciados em cocaína a abandonarem a
dependência. O preparado, chamado de TA-CD, foi desenvolvido pela companhia Xenova e teria
sido capaz, segundo dados da empresa, de manter metade dos dependentes testados longe da droga por seis meses.
A divulgação dos resultados
aconteceu durante a 66ª Reunião
Científica Anual do Conselho sobre Problemas da Dependência
de Drogas, em Porto Rico.
A vacina não corta a vontade de
consumir cocaína, mas impede os
usuários de experimentar os efeitos da substância no cérebro. Segundo a Xenova, isso bastaria para impedir que os vacinados voltassem a se tornar dependentes.
David Oxlade, executivo-chefe
da Xenova, disse à Rádio BBC 4
que o estudo relatado era o terceiro a ser realizado com a TA-CD
nos Estados Unidos. Ele explicou
que a vacina foi criada acrescentando à própria cocaína uma
grande molécula de proteína que
é reconhecida pelo sistema imune
(de defesa) do organismo humano. Com isso, ela é atacada e desativada por anticorpos, impedindo
sua chegada ao cérebro.
Foram realizados dois estudos
da chamada Fase 2, que envolve a
verificação de segurança e eficácia
num grupo pequeno de voluntários. Os testes duraram 12 semanas e 20 pacientes completaram o
tratamento com sucesso. Num
dos grupos, 42% das pessoas passaram seis meses livres da droga.
A idéia é que a vacina seja usada
como parte de programas de recuperação implementados em
centros especializados. Se o paciente reincidir no consumo da
droga, algum tempo depois, ele
não sentiria os efeitos da cocaína,
o que em princípio afastaria o risco de ele voltar a se viciar.
O estudo foi considerado interessante pela organização britânica Drugscope, informa a rede britânica BBC. Mas seus porta-vozes
também levantaram dúvidas sobre a eficiência da vacina para todos os casos de dependência.
Uma das possibilidades aventadas foi que os viciados em cocaína
simplesmente passem a recorrer a
outras drogas, quando sentirem
que a cocaína não lhes causa mais
a mesma sensação, caso o complexo de razões psicossociais associadas à dependência não seja
resolvido.
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