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Brasil deve ter meta antes de Copenhague
Técnicos do governo tentam definir valor global de redução; cálculo por setor, porém, só sai em dezembro
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
O Brasil estuda anunciar sua
meta global de redução de
emissões de gases de efeito estufa antes da conferência de
Copenhague. O governo corre
agora para fechar o número a
ser anunciado. Em Copenhague, deverão ser apresentadas
as estimativas de potencial de
corte por setor de economia -e
o custo desses cortes.
A meta, a ser expressa na forma de um desvio em relação à
tendência de crescimento de
emissões do país até 2020, deve
ser calculada com base em cenários apresentados anteontem ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva pelo ministro do
Meio Ambiente, Carlos Minc. A
maneira como isso será feito
ainda é motivo de controvérsia.
Os dados de Minc sugerem
um corte de 20% a 40% nas
emissões, tomando como base
um crescimento do PIB de 4%
ao ano -faixa utilizada pelo
Plano Decenal de Energia.
Assumindo esse crescimento, o Brasil chegaria a 2020
emitindo 2,8 bilhões de toneladas de gás carbônico ao ano.
A ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) pediu que a equipe
do Meio Ambiente refizesse a
conta, assumindo um crescimento do PIB da ordem de 6%
ao ano. A ideia é evitar que um
compromisso de corte de emissões afete o crescimento econômico na próxima década.
Segundo Tasso Azevedo,
consultor do Meio Ambiente, o
reajuste empurraria as emissões para 3,3 bilhões de toneladas anuais em 2020.
Suzana Kahn Ribeiro, secretária de Mudança Climática do
MMA, disse que nesse cenário
o Brasil teria duas opções: ou
fazer um esforço menor de redução (mantendo o total de toneladas a serem cortadas, mas
sobre uma base maior), ou
manter os percentuais de redução e fazer um corte maior. As
duas opções serão apresentadas a Dilma nesta semana. Na
terça-feira que vem, os ministros devem apresentar a Lula a
proposta final do governo.
"A declaração política será
feita antes de Copenhague",
disse a secretária, aludindo à
possibilidade de o número ser
apresentado no mês que vem
em Barcelona, quando acontece a última rodada de negociações da Convenção do Clima
das Nações Unidas antes de Copenhague. "Está acordado que
apresentaremos um número X,
mas o valor de X depende do
presidente", continuou.
Segundo Luiz Alberto Figueiredo Machado, principal
negociador de clima do Brasil, a
questão ainda está sendo avaliada. "Buscaremos maximizar
os impactos positivos para ajudar o processo negociador."
No momento, a negociação
do acordo do clima está emperrada. A última rodada de conversas terminou na Tailândia
na última sexta-feira com um
impasse entre países ricos e pobres sobre metas de redução
para os ricos e financiamento.
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