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Brasil e França cobram ação de EUA e China no clima
Lula e Sarkozy tentarão evitar que Obama e Jintao abandonem encontro de Copenhague para negociar acordo bilateral isolado
CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA EM PARIS
Os presidentes do Brasil e da
França selaram uma parceria
ontem para aumentar a pressão sobre Estados Unidos e
China, países que tardam em
apresentar propostas para a
conferência do clima de Copenhague, em dezembro. Luiz
Inácio Lula da Silva e Nicolas
Sarkozy pretendem evitar que
chineses e americanos façam
um acordo bilateral paralelo.
"Não temos o direito de permitir que o presidente Obama
[EUA] e o presidente Hu Jintao
[China] façam um acordo com
base apenas nas duas realidades politicas e econômicas dos
seus países", disse Lula, após se
reunir com Sarkozy no Palácio
do Eliseu, em Paris. "No fundo,
a gente está percebendo a tentativa de criação de um G2 com
interesses específicos para resolver os problemas políticos e
climáticos dos dois países sem
se importar com a responsabilidade que temos que ter com o
conjunto da humanidade: pobres e ricos, norte e sul."
O presidente brasileiro disse
que deve telefonar para o presidente Barack Obama nessa segunda-feira para cobrar uma
posição mais ousada dos EUA
no encontro de Copenhage.
Segundo a declaração conjunta, Brasil e França concordam que os países do Anexo 1
(países desenvolvidos) "devam
delinear trajetórias de emissões condizentes com a meta
de redução das suas emissões
em pelo menos 80% até 2050
em relação a 1990".
Para os gigantes emergentes,
Lula reservou críticas: "A China não tem a mesma responsabilidade dos países desenvolvidos, mas cresce de forma extraordinária e tem que ter um
pouco mais de ousadia".
O encontro entre Lula e Sarkozy foi organizado para anunciar a posição comum da França e do Brasil em relação às mudanças climáticas. A ministra
da Casa Civil, Dilma Rousseff,
apresentou à França a proposta
brasileira de reduzir de 36,1% a
38,9% as suas emissões de gases-estufa até 2020. Saykozy
elogiou a meta do Brasil e disse
que a atitude ajuda a mostrar
que o país está maduro o suficiente para obter um assento
permanente no Conselho de
Segurança das Nações Unidas.
Os dois presidentes planejam
uma turnê mundial em busca
de apoio para o novo acordo do
clima. "Vamos convencer a
África a ficar conosco e também a Ásia", , disse Sarkozy.
"Com Lula, faremos o possível
para colocar o maior número
de países possível num eixo de
propostas para Copenhage".
O presidente francês disse
ainda que pode ir ao Brasil, a
convite de Lula, para uma cúpula de países amazônicos a ser
realizada em Manaus, provavelmente em 26 de novembro.
Outro ponto comum defendido pela França e pelo Brasil é
a criação de uma organização
ambiental global. Após a reunião com Sarkozy, Lula viajou
para Roma, onde participa hoje
da Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar.
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