São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

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Gaúchos encontram novo dino ancestral

Animal, ainda sem nome, era bípede pequeno e está entre os mais antigos, com 228 milhões de anos

Agência RBS
Crânio do pequeno dinossauro desenterrado em Agudo, RS


LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Pesquisadores da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil), no Rio Grande do Sul, anunciaram ontem ter descoberto o primeiro dinossauro a andar de forma eficiente sobre duas patas. O animal, ainda sem nome, teria vivido 228 milhões de anos atrás.
"Encontramos o elo perdido da era dos dinossauros", disse o coordenador do departamento de paleontologia da Ulbra, Sérgio Furtado Cabreira.
O fóssil, conhecido por enquanto como ULBRA PVT016, foi localizado em escavações na região de Agudo (centro do RS), em dezembro de 2004. Depois, o departamento de paleontologia da Ulbra, em Cachoeira do Sul, tratou de estudá-lo usando tomografia computadorizada.
Os pesquisadores chamam a atenção para o fato de que o fóssil de Agudo tem cinco vértebras fundidas na região da bacia -a fusão de vértebras nessa região é uma marca registrada do grupo dos dinossauros. Outros dinos de idade semelhante desenterrados no Rio Grande do Sul e na Argentina tinham duas. Daí a maior capacidade de locomoção de forma bípede -as vértebras fundidas dão maior estabilidade.
O animal era carnívoro, bípede, com 50 centímetros de altura, 1,5 metro de comprimento e pesava cerca de 12 quilos. Ágil, vivia provavelmente em bandos nas planícies onde se encontram os municípios da região central do Rio Grande do Sul. Sua constituição óssea se assemelha à das aves atuais.
"Já havia a hipótese de que esse animal poderia existir, mas ainda não havia evidências", afirmou Cabreira.
Com a localização do fóssil, os pesquisadores acreditam que toda a árvore genealógica dos dinos terá de ser refeita. Até agora, achava-se que dinossauros com cinco vértebras fundidas iriam aparecer somente no Jurássico, segundo Período da era dos dinossauros. O novo fóssil mostra que isso ocorreu 20 milhões de anos antes, no Triássico.
O animal é mais semelhante aos dinossauros ditos verdadeiros do que ao chamados "basais", como os argentinos Herrerasaurus e Eoraptor. Estes perderiam, segundo Cabreira, seu lugar na raiz da árvore genealógica dinossauriana.
"O achado é do peru", empolga-se Max Langer, da USP de Ribeirão Preto, maior especialista brasileiro em origem dos dinossauros. "Os caras não estão doidos. Isso é sério."


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