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Bactéria ataca comunidade gay nos EUA
Estudo sobre nova linhagem de micróbio resistente a antibióticos aponta núcleo de surto em bairro de San Francisco
Patógeno, comum em infecção hospitalar, cresce no ambiente exterior; risco para homossexual aumenta 13 vezes, diz pesquisador
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma linhagem de bactéria
potencialmente letal -e resistente a antibióticos- atravessou as fronteiras de hospitais
nos EUA e está sendo transmitida entre homens gays pelo sexo, afirma estudo publicado anteontem. Os autores da pesquisa dizem que o patógeno conhecido como Sarm (Staphylococcus aureus resistente à meticilina), em geral restrito a casos de infecção hospitalar, está
começando a aparecer fora dos
ambientes clínicos em San
Francisco e Boston.
"Uma vez que ela atingir a
população geral, será mesmo
irrefreável", diz Binh Diep, pesquisador da Universidade da
Califórnia em San Francisco
que liderou o estudo. "Tentamos divulgar a mensagem de
prevenção." O trabalho de
Diep, publicado na revista "Annals of Internal Medicine", diz
que o risco de infecção para homens gays cresce 13 vezes em
relação ao risco para heterossexuais. O estudo foi baseado
no rastreamento de uma linhagem de S. aureus surgida por
volta de 2000, identificada pela
sigla USA300. A bactéria se espalha de forma rápida nas comunidades gays de San Francisco e Boston. "Achamos que
ela se dissemina por meio de
atividade sexual", afirma Diep.
Ao colher dados para o estudo, cientistas registraram os
CEPs dos pacientes infectados,
e o trabalho aponta que muitos
habitam o bairro de Castro, em
San Francisco, que tem uma
grande comunidade gay.
Esse supermicróbio pode
causar infecções mortais ou
deixar cicatrizes profundas.
Com freqüência, só um tratamento com antibióticos intravenosos caros é eficaz.
O Sarm matou cerca de 19
mil norte-americanos em
2005, a maioria deles em hospitais, segundo uma estimativa
publicada em outubro na revista médica "Jama". O Brasil
também tem infecções registradas da bactéria, mas não da
linhagem USA300.
Cerca de 30% das pessoas em
geral são portadoras de linhagens mais comuns de S. aureus.
Elas podem ser transmitidas
pelo toque direto ou por meio
de objetos. A bactéria pode
causar infecções mais grave se
penetrar o corpo por feridas.
A maioria das pessoas portadoras de S. aureus leva a bactéria dentro do nariz, mas variedades do patógeno associadas a
comunidades de pessoas infectadas podem viver também na
região do ânus e serem passadas entre parceiros sexuais.
A incidência de Sarm nos
EUA está aumentando ao lado
de um ressurgimento de sífilis,
gonorréia e novas infecções de
HIV, parcialmente por causa
de uma descrença sobre a gravidade do HIV e de um aumento dos comportamentos de risco, como o uso de drogas ilícitas e a prática de sexo abrasivo
para a pele, escreve Diep.
"A probabilidade de alguém
contrair cada uma dessas
doenças aumenta com o número de parceiro sexuais", diz o
cientista. "Provavelmente, o
mesmo pode ser dito para a
Sarm." O risco de infecção pela
bactéria, porém, "parece ser independente de infecção por
HIV", escreveram os cientistas.
Infecções por S. aureus costumam deixar pontos vermelhos nas áreas da pele atingidas. Se não forem tratadas, podem inchar. A melhor maneira
de evitar a infeção é lavar mãos
e genitália com sabão e água.
Segundo os pesquisadores,
apesar de a Sarm encontrada
em hospitais ser resistente a
várias drogas, no caso da linhagem USA300 alguns antibióticos genéricos de tipos mais antigos ainda são capazes de controlar infecções menos complicadas de pele e mucosas. "Contudo, o crescente uso desses
antimicrobianos pode levar ao
surgimento de novos subclones [variantes] de Sarm associados a comunidades que são
resistentes a muitas drogas",
escrevem os cientistas.
Com Reuters
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