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Parque "de papel" barra desmate, mostra estudo
Política pode mitigar impacto da BR-319, diz cientista
DA REPORTAGEM LOCAL
A teoria de que unidades de
conservação na Amazônia oferecem apenas uma proteção
"ilusória" não é de todo válida,
afirma um novo estudo. O trabalho, liderado pelo ecólogo
Stuart Pimm, da Universidade
Duke, da Carolina do Norte
(EUA), mapeou focos de queimadas ao longo de dez anos, registrados pelo satélites europeus Envisat e ERS-2, e chegou
à conclusão de que as áreas protegidas são ferramentas de preservação importantes, mesmo
não sendo suficientes.
Comparando a ocorrência de
focos de fogo dentro e fora de
reservas, os cientistas mostraram que a criação dessas áreas
tem impacto positivo na conservação de florestas mesmo
quando as unidades de conservação ficam só "no papel", com
estrutura de vigilância ruim.
Um estudo de 2006, liderado
pelo ecólogo Daniel Nepstad,
do Ipam (Instituto de Pesquisa
Ambiental da Amazônia) já
apontava para a eficiência dos
parques e principalmente das
terras indígenas para a proteção da floresta.
"O que nós queríamos analisar era se, quando uma estrada
é aberta cortando uma reserva,
ainda assim os focos de incêndio continuam reduzidos", disse à Folha Marion Adeney,
ecóloga coautora do estudo.
"Queríamos saber se as reservas ficam protegidas de fogo e
desmatamento só porque elas
não têm estradas."
Uma análise detalhada dos
dados do mostrou que isso não
é verdade. Mesmo levando em
conta a presença de estradas e
o grau de isolamento das unidades de conservação, a força
da lei por si só já parece ter um
efeito. Os resultados obtidos
pelo grupo estão em estudo publicado na revista "PLoS One".
"O fato de haver algum status
legal [de conservação] pode desencorajar as pessoas a praticarem atividades ilegais dentro
da reserva, em comparação
com uma área que não tem
proteção nenhuma", diz Adeney. Segundo a pesquisadora,
decretos que criam reservas
podem desestimular grileiros,
por exemplo, mas a implementação da reserva é crucial.
A cientista afirma que uma
política de conservação bem
planejada e aparelhada será
crucial, por exemplo, no projeto de pavimentação da BR-319,
que liga Porto Velho a Manaus.
"É um passo muito importante
criar unidades de conservação
nessa área, mas concordo com
pessoas que dizem que essas
reservas precisam de uma capacidade de vigilância e outras
medidas", diz.
(RG)
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