|
Próximo Texto | Índice
Metrópoles querem agir antes no clima
Prefeitos de 32 cidades dizem que não vão esperar governos federais para tomar medidas contra o aquecimento global
Nova York, sede de reunião,
quer cortar 30% de emissões
de gases-estufa até 2030;
São Paulo, Rio e Curitiba
participam de encontro
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
Representando cerca de 250
milhões de pessoas, os prefeitos de 32 cidades dos cinco continentes se reuniram ontem
nos EUA para mandar um recado aos governos nacionais: querem ser os verdadeiros protagonistas da luta contra o aquecimento global.
"Não vamos mais ficar sentados esperando que eles tomem
a liderança. As cidades consomem 75% da energia e produzem 80% dos gases-estufa, portanto podem fazer a diferença
de fato nessa batalha", afirmou
Michael Bloomberg, prefeito
de Nova York, cidade que sediou o encontro.
"E, para fazer frente a esse
desafio, não é necessário utilizar nada que ainda não tenha
sido inventado -só é preciso
vontade política, e é isso que
nós aqui presentes queremos
demonstrar", acrescentou Ken
Livingstone, prefeito de Londres e presidente do C40. O
grupo foi criado no ano passado
por quarenta metrópoles interessadas em discutir as mudanças climáticas na Terra e maneiras de evitá-las.
Nova York ambiciona ser um
exemplo para as outras cidades
com o seu plano para cortar em
30% as emissões de gases-estufa até 2030. Além de encorajar
a utilização de sistemas mais
eficientes de aquecimento e refrigeração nas casas, o plano
ainda estabelece um pedágio
para veículos que trafegam no
centro de Manhattan.
Também participaram da
reunião de ontem os prefeitos
de Tóquio, Seul, Toronto, Cidade do México, Mumbai, Johannesburgo, Melbourne, Berlim e
Chicago, entre outras.
Do Brasil, foram Gilberto
Kassab, de São Paulo, Cesar
Maia, do Rio de Janeiro, e Beto
Richa, de Curitiba. Richa destacou o sistema de transporte público curitibano. "Os nossos
corredores exclusivos para ônibus já foram adotados em Bogotá e Cali, na Colômbia, e também em Los Angeles", comentou. "Um ônibus confortável e
uma passagem a preço justo estimulam as pessoas a deixarem
o carro em casa."
Maia apontou o principal
problema do Rio de Janeiro: a
elevação do nível do mar em até
50 centímetros até o final deste
século. "O sistema de drenagem de regiões baixas, como
Jacarepaguá, e em especial Rio
das Pedras, precisa ser todo refeito em no máximo dez anos. É
prioridade e é urgente", contou.
Para as obras, a prefeitura espera conseguir fazer parcerias
com a iniciativa privada -potenciais investidores em busca
de oportunidades nos países
em desenvolvimento também
estavam no evento.
Para os prefeitos, duas são as
suas principais tarefas a partir
de agora. Primeiro, combinar
as estratégias, pois as cidades se
encontram em diferentes estágios de desenvolvimento. "As
brasileiras precisam aprender a
crescer sem penalizar demais o
ambiente", disse Maia. Segundo, convencer a população a
mudar os seus hábitos. "Não
acho isso difícil, porque todos
queremos um futuro melhor. É
papel das prefeituras explicar e
informar, propor medidas eficientes e executá-las ", afirmou
Bloomberg.
Próximo Texto: Energia: Mundo tem só 5 anos para cortar emissão Índice
|