São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2008

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EPIDEMIA

Na Ásia, combate a mosquito piora dengue hemorrágica

DA REPORTAGEM LOCAL

Um estudo sobre a epidemia de dengue da Tailândia terminou com uma conclusão inusitada: se o combate ao mosquito Aedes aegypti não for de alta eficácia, seu efeito pode ser aumento, ao invés de redução, no número de casos da versão hemorrágica da doença, mais letal.
Segundo o trabalho, publicado ontem na revista "PLoS Negleted Tropical Diseases", o efeito inesperado ocorre por causa das propriedades únicas do vírus. A dengue hemorrágica ocorre quando uma pessoa se contamina com o patógeno pela segunda vez. Porém, quando a pessoa se infecta pela primeira vez, após contrair a dengue comum ela permanece imune ao vírus que contraiu -e aos outros subtipos do patógeno- por algum tempo.
Uma redução parcial na população de mosquito, por isso, pode ter favorecido um maior número de casos da variante hemorrágica da doença na Tailândia, explicam os autores do estudo, liderado por Clive Davies, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
"É um achado consistente, mas não podemos transferir a realidade da Tailândia automaticamente para o Brasil", diz Roberto Medronho, sanitarista da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). "Nós temos uma dinâmica de transmissão diferente. Não temos presença intensa de todos os sorotipos do vírus, e não temos o tipo 4. Além disso, como na Tailândia a infecção é mais intensa, quase todos os adultos já tiveram infecção e podem estar imunizados."
Segundo Medronho, a pesquisa na "PLoS" também não deve ser vista como indicador de que a erradicação do mosquito não deva ser perseguida. Mas é preciso, diz, pesquisar qual é o efeito do combate ineficaz ao Aedes no Brasil. (RAFAEL GARCIA)


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