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Estudos sobre Aids esquecem os subtipos de HIV de país pobre
Faltam dados sobre diversidade genética do vírus e dos doentes
SABINE RIGHETTI
ENVIADA AO GUARUJÁ (SP)
A resposta ao tratamento
da Aids depende da variante
do vírus que causa a infecção
e das características genéticas do próprio paciente. Mas
os estudos sobre a doença estão focados apenas nos genes das pessoas e dos subtipos de HIV de países ricos.
O alerta veio de cientistas
que participaram ontem de
uma discussão sobre os aspectos genéticos da infecção
pelo HIV, no 56º Congresso
Brasileiro de Genética, que
acontece no Guarujá (SP).
O grande problema é que o
subtipo C da doença -o menos estudado- equivale à
metade das infecções no
mundo. Na Europa e no continente americano, que produzem cerca de 90% das pesquisas sobre a Aids, prevalece o subtipo B do vírus.
"A maioria dos estudos feitos com design de drogas anti-HIV hoje é para o subtipo
B. Mas diferentes subtipos do
vírus HIV têm comportamentos distintos em relação ao
coquetel de drogas", explica
o biólogo Marcelo Alves Soares, da UFRJ (Universidade
Federal do Rio de Janeiro).
Os subtipos "não-B" são os
que prevalecem em todo
mundo. "Agora, estão se espalhando para os países desenvolvidos", afirma ele.
O Brasil também é afetado.
Há um aumento da incidência de vírus tipo C, principalmente no Rio Grande do Sul.
Os cientistas têm tentado
entender como a ascendência, o sexo e outros fatores
genéticos dos portadores de
Aids podem afetar a sua resposta à medicação.
Novamente, predominam
estudos sobre a população
europeia e masculina. "É preciso incluir afrodescendentes e mulheres", diz a farmacêutica Vanessa Mattevi, da
UFCSPA (Fundação Universidade Federal de Ciências
da Saúde de Porto Alegre).
Ela estuda cerca de 600
pacientes para avaliar a predisposição genética para a lipoatrofia, efeito colateral da
medicação anti-HIV que leva
à perda de gordura no corpo.
Mattevi notou que fatores
como idade (adulta) e origem
(europeia) são importantes
na origem do problema.
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