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Sem definições, encontro vira refém da África
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NAIRÓBI
A primeira conferência da
Convenção do Clima da ONU
realizada na África subsaariana
tem centrado ações e anúncios
em uma geografia paroquial. A
maior parte dos eventos tenta
discutir os problemas da África
-como o continente será afetado pelas mudanças climáticas e
como o mundo pode ajudar a
sua região mais pobre.
Segundo estudos divulgados
no início do encontro, o continente africano será o mais afetado pelas mudanças climáticas -daí a necessidade de concentrar ações de adaptação a
essas mudanças aqui.
Como adaptação é o tema
central do encontro, falar das
dificuldades do continente africano -ainda mais quando os
delegados podem ver exemplos
ao vivo- é algo quase natural.
Especialistas que acompanham o evento acreditam que
a COP-12 não fará muito mais
que ver ações dos países ricos
endereçadas à África, como a de
estimular na região maior número de projetos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo do Protocolo de Kyoto).
As negociações sobre o que
virá após 2012, quando termina
a primeira fase do Protocolo de
Kyoto, estão trancadas, porque
existe prazo até 2008. "Desde o
início, não se esperava decisões
importantes sobre o pós-Kyoto
[em Nairóbi]", disse um funcionário da Convenção.
Recado
Ontem, o secretário-geral da
ONU, Kofi Annan, anunciou
uma iniciativa das agências da
organização para ajudar os países pobres a ter acesso ao MDL
e a se adaptarem às mudanças
climáticas, em especial aquelas
que afetam infra-estrutura dos
países. Segundo o secretário-executivo do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o
Ambiente), Achim Steiner, barragens, estradas e hospitais podem ajudar os países a lidar
com mudanças dos padrões climáticos.
Annan disse que há uma "falta de liderança assustadora" na
discussão de como cortar emissões, e pediu "coragem" dos líderes mundiais.
Muitas gente entendeu a fala
como uma crítica aos EUA,
maior emissor de gases-estufa
do mundo e que não aceitou ratificar Kyoto.
A representante dos EUA,
Paula Dobriansky, entendeu o
recado. Disse que seu país lidera iniciativas na área ambiental, como o desenvolvimento de
tecnologias limpas.
(AF)
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