São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2006

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Sem definições, encontro vira refém da África

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NAIRÓBI

A primeira conferência da Convenção do Clima da ONU realizada na África subsaariana tem centrado ações e anúncios em uma geografia paroquial. A maior parte dos eventos tenta discutir os problemas da África -como o continente será afetado pelas mudanças climáticas e como o mundo pode ajudar a sua região mais pobre.
Segundo estudos divulgados no início do encontro, o continente africano será o mais afetado pelas mudanças climáticas -daí a necessidade de concentrar ações de adaptação a essas mudanças aqui.
Como adaptação é o tema central do encontro, falar das dificuldades do continente africano -ainda mais quando os delegados podem ver exemplos ao vivo- é algo quase natural.
Especialistas que acompanham o evento acreditam que a COP-12 não fará muito mais que ver ações dos países ricos endereçadas à África, como a de estimular na região maior número de projetos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto).
As negociações sobre o que virá após 2012, quando termina a primeira fase do Protocolo de Kyoto, estão trancadas, porque existe prazo até 2008. "Desde o início, não se esperava decisões importantes sobre o pós-Kyoto [em Nairóbi]", disse um funcionário da Convenção.

Recado
Ontem, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, anunciou uma iniciativa das agências da organização para ajudar os países pobres a ter acesso ao MDL e a se adaptarem às mudanças climáticas, em especial aquelas que afetam infra-estrutura dos países. Segundo o secretário-executivo do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Ambiente), Achim Steiner, barragens, estradas e hospitais podem ajudar os países a lidar com mudanças dos padrões climáticos.
Annan disse que há uma "falta de liderança assustadora" na discussão de como cortar emissões, e pediu "coragem" dos líderes mundiais.
Muitas gente entendeu a fala como uma crítica aos EUA, maior emissor de gases-estufa do mundo e que não aceitou ratificar Kyoto.
A representante dos EUA, Paula Dobriansky, entendeu o recado. Disse que seu país lidera iniciativas na área ambiental, como o desenvolvimento de tecnologias limpas.
(AF)


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