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Grupo descobre "dino-guilhotina" na África
Animal tinha boca adaptada para comer vegetação rasteira; espécies parecidas podem ter habitado o Brasil
National Geographic/Reuters
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Reconstituições mostram Nigersaurus em vida e seu crânio |
DA REDAÇÃO
Cientistas americanos encontraram no Níger os restos
de um animal que seria o sonho
de consumo de muito jardineiro: um dinossauro adaptado
para cortar grama.
Claro, a grama propriamente
dita ainda não existia no Cretáceo Inferior, quando o bicho viveu (cerca de 100 milhões de
anos atrás). Mas as duas fileiras
de 60 dentes cada na boca do
bicho, que lhe davam um aspecto de guilhotina ambulante,
eram eficientíssimas para cortar e picotar vegetação rasteira,
como samambaias.
Tamanha era a voracidade
desse superpastador que ele
precisava trocar seus dentes
uma vez por mês. Um crânio do
bicho, desenterrado pela equipe do paleontólogo Paul Sereno
em 2000 no deserto do Ténéré,
tem nada menos do que 500
dentes -a maioria para repor o
desgaste na "guilhotina".
"Entre todos os dinossauros,
o Nigersaurus taqueti sem dúvida batia o recorde de número
de dentes sobressalentes", afirmou Sereno, professor da Universidade de Chicago.
O Nigersaurus também tinha
o crânio proporcionalmente
mais leve entre todos herbívoros conhecidos. Geralmente, o
crânio de um comedor de plantas precisa ser robusto para suportar o impacto da ação dos
dentes. O desse bicho, que tinha o peso de um elefante, parece estar no limite do que se
pode conseguir de força com
um mínimo de material.
Uma tomografia computadorizada do crânio mostrou
outra esquisitice do N. taqueti.
A julgar pela estrutura do ouvido responsável pelo equilíbrio
do animal, ele passava boa parte do tempo com a cabeça baixa, pastando. Isso significa, disse Sereno, que acreditou-se erroneamente que muitos dinossauros herbívoros -como o diplodoco, parente próximo do
Nigersaurus- se comportavam
como girafas. "Acho que estávamos cegos e não notamos as
vacas do Mesozóico."
Uma das especulações mais
surpreendentes do trabalho,
publicado na revista PLoS One
(www.plosone.org), é que os
dinossauros pastadores teriam
causado um pequeno desastre
ecológico na vegetação em algumas regiões no Cretáceo.
E o Brasil pode ter sido uma
dessas regiões. As rochas onde
os fósseis do Nigersaurus foram achados pertencem a uma
formação geológica equivalente à de algumas rochas do Nordeste (no passado, ambas as regiões eram interligadas). E
dentes de criaturas parecidas
com o Nigersaurus já foram
achados na América do Sul.
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