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Plano inclui ligação ferroviária com o Pacífico e novo aeroporto
DO ENVIADO A ILHÉUS (BA)
O projeto de construção do
complexo do Porto Sul, que será montado também próximo à
lagoa Encantada -que tem esse nome devido a várias lendas
que existem sobre o local, como
a dos navios iluminados que vagam por suas águas-, é apenas
a ponta de um projeto mais ambicioso de infra-estrutura.
O governo do Estado da Bahia enxerga o novo porto em
Ilhéus acoplado a uma ferrovia
de 1.500 km, que vai ligar o litoral ao oeste do Estado e também ao Centro-Oeste. E ao novo aeroporto internacional.
Segundo Antônio Celso Pereira, da secretaria de Indústria, Comércio e Mineração do
Estado da Bahia, o cronograma
do projeto todo é de 30 anos.
"Será a ligação ferroviária entre
o Atlântico e o Pacífico", afirma
rechaçando criticas de ambientalistas. A "harmonização" entre o "porto, o ambiente e o setor turístico" é factível, diz.
Do ponto de vista prático,
tanto o governo quanto a empresa Bahia Mineração, âncora
do megaprojeto, estão ainda na
fase de realização dos seus estudos de impacto ambiental.
Oficialmente, os dois interessados na obra pretendem entrar
com os primeiros pedidos de licença nos órgãos ambientais
até meados de 2009.
Apesar de todo o discurso em
favor da obra, "e de ela ser de
fundamental importância para
o desenvolvimento do sul e do
oeste da Bahia", Pereira não crê
que isso vai pressionar a decisão dos órgãos ambientais.
"O Ibama, e o ministro Carlos Minc são pessoas sérias",
afirma. Do ponto de vista legal,
algumas licenças terão que ser
dadas também pelo próprio Estado da Bahia. "A vocação turística da região será preservada.
Obras como essa nos darão até
mais recursos para melhorar a
preservação ambiental que hoje é insuficiente em Ilhéus."
O discurso oficial vende a
idéia -segundo, Pereira verdadeira- de que empregos e renda chegarão ao litoral e por toda
a região onde a ferrovia passar.
"Em toda aquela microrregião
de Ilhéus vivem hoje 1 milhão
de pessoas. Já existe favelização, problemas com tráfico de
drogas. É preciso que sejam gerados pelo menos 200 mil empregos naqueles municípios".
O terminal portuário, que deverá também escoar grãos da
região de Barreiras (BA) ou
urânio de Caetité (que hoje
passa por Salvador) causará um
impacto só local, diz Pereira. "É
melhor concentrar tudo do que
fazer vários portos pelo litoral".
Ópera da discórdia
Enquanto a grande obra do
porto é projetada, a terra da Gabriela de Jorge Amado já incorporou a discussão sobre o novo
porto também nas artes. O grupo da Casa da Cultura de Ilhéus
montou uma opereta intitulada
"Porto Sul, Artimanha do Mal".
Num refrão, o texto da peça diz:
"não somos contra o progresso,
não somos da oposição".
(EG)
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