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ANÁLISE
Copenhague virou "Flopenhague"
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
Os americanos têm uma palavra bem sonora para definir
fiasco: "flop". E Copenhague
"flopou". Depois de passar meses bradando que não havia um
"plano B", o premiê dinamarquês Lars Rasmussen jogou a
toalha e admitiu que o novo
acordo do clima não será firmado no reino da Dinamarca.
Rasmussen capitula um dia
antes de sua ministra de Energia, Connie Hedegaard, reunir
outros ministros em Copenhague para tentar produzir um
impulso político final para o
encontro de dezembro. Melhor
fariam os ministros se poupassem o carbono da viagem.
Esse desfecho não surpreende: ele vinha se armando havia
meses. Anos, na verdade. Já em
2007, analistas americanos
alertavam que não haveria
tempo de os EUA terem uma
legislação sobre clima pronta a
tempo de um acordo em 2009.
E, como os EUA são uma democracia avançada, nem o mais
ambientalista dos presidentes
teria força para fechar um acordo sem o aval do Congresso.
Sem os EUA, que respondem
por quase um quarto das emissões mundiais, não há acordo
que faça diferença para o clima.
Aos olhos do mundo, parecerá injusto que picuinhas internas americanas coloquem em
risco o futuro de boa parte da
humanidade. Mas os EUA são
apenas a Geni do processo. Os
europeus estão divididos, sem
liderança e pressionados pelas
próprias picuinhas internas -a
resistência dos países mais pobres do Leste, por exemplo. Foi
a UE, aliás, que cunhou o eufemismo "politicamente vinculante" para "acordo fracassado", na semana retrasada, em
Barcelona. Canadá, Japão, Austrália e Nova Zelândia também
não querem compromisso, mas
se escondem atrás dos EUA.
Com um clima desses, é melhor mesmo suspender a reunião e reconvocá-la depois.
Resta saber se o planeta pode
esperar -e sem garantia de sucesso. De toda forma, antes correr esse risco do que fechar um
acordo frouxo, à la Kyoto, na
capital dinamarquesa - que talvez fizesse bem em mudar seu
nome para "Flopenhague".
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