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ASTRONOMIA
Simulações mostram que, em sistemas como o Solar, surgimento de mundo habitável ocorre em 25% dos casos
Planetas como a Terra devem ser comuns
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Via Láctea deve abrigar, sendo conservador, pelo menos algumas centenas de milhões de mundos habitáveis similares à Terra.
Um novo estudo conduzido por
astrônomos americanos sugere
que os cobiçados planetas terrestres sejam comuns no Universo.
Até agora, os únicos planetas
encontrados fora do Sistema Solar são gigantes gasosos, muito
parecidos com Júpiter. As tecnologias de detecção usadas pelos
caçadores de planetas extra-solares ainda não permitem a detecção de mundos tão pequenos
quanto a Terra, o que deixa os
cientistas neste momento com a
tarefa de simplesmente tentar adivinhar quão comuns eles são.
Foi o que fizeram Sean Raymond, Thomas Quinn e Jonathan
Lunine. Os dois primeiros são da
Universidade de Washington, e o
último, da Universidade do Arizona. O trio desenvolveu um programa de simulação de formação
planetária em computador, considerando o que se sabe a respeito
de como esses astros emergem.
Repetiram o experimento 44 vezes, alterando alguns dos parâmetros a cada nova simulação. Da sequência emergiram várias versões
de sistemas planetários. Em todas
as ocasiões, de um a quatro planetas rochosos (como Mercúrio,
Vênus, Terra e Marte) surgiram a
até 300 milhões de quilômetros da
estrela central (o dobro da distância Terra-Sol, ou duas unidades
astronômicas).
O estudo de Raymond e seus colegas será publicado na revista
"Icarus" (icarus.cornell.edu).
Em 11 dos casos houve um planeta com uma órbita aproximadamente circular, localizada entre
0,9 e 1,1 unidades astronômicas
-bem no coração da chamada
"zona habitável", onde está localizada a Terra, com relação ao Sol.
Define-se por zona habitável a região do sistema em que um planeta consegue preservar água (substância essencial à vida) em estado
líquido na superfície.
A pesquisa só se aplica a estrelas
cujo desenvolvimento é similar ao
do Sol, ou seja, cerca de 5% dos
astros da Via Láctea, de um total
de 200 bilhões. E, apesar de sugerir que planetas rochosos sejam
comuns, ela dá bastante espaço
para a existência de objetos bem
diferentes dos que são vistos no
Sistema Solar.
"Acho realmente interessante
que tenhamos uma variedade tão
grande de sistemas planetários,
que vão desde "mundos de água"
com quatro massas terrestres a
muitos planetas menores, similares a Marte, em massa", diz Raymond. "E no meio estão sistemas
que se parecem com os nossos,
planetas de massa mediana e uma
quantidade mediana de água. E
toda essa imensa variedade pode
ocorrer na zona habitável."
Apesar do sucesso, há uma
grande incógnita encravada no
meio da pesquisa. Ela não responde pela presença de planetas gigantes gasosos muito próximos à
estrela apelidados de "Jupiteres
quentes" -fenômeno surpreendente que começou a ser observado com a detecção dos primeiros
planetas extra-solares, em 1995.
"Obviamente, nossas simulações atuais só investigam formação de planetas terrestres em casos em que há um planeta gigante
a pelo menos quatro unidades astronômicas de distância", diz
Raymond. "Não está claro agora
que fração de estrelas tem esses
planetas gigantes, mas se espera
que seja bem maior do que a dos
que têm "Jupiteres quentes" muito
próximos a suas estrelas. Assim,
nossas simulações não testam todas as possibilidades, mas é um
começo. Estou atualmente executando mais simulações para ver se
planetas terrestres se formam
quando há um "Júpiter quente"."
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