São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

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Urso-polar ainda tem salvação, diz estudo

Corte de emissões de gases do aquecimento global reverteria perda do gelo marinho do qual o animal depende

Novas simulações vão contra ideia de que área congelada sumiria de forma rápida e talvez definitiva com o calor


REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA

Ainda não é tarde demais para salvar a pele da vítima mais carismática do aquecimento global, o urso-polar (Ursus maritimus).
Uma nova pesquisa sugere que as plataformas de gelo do Ártico, das quais o bicho depende para caçar, não desaparecerão de forma rápida e irreversível conforme o planeta esquentar neste século.
O encolhimento do gelo, diz o estudo na revista científica "Nature", será mais gradual. O que significa que, se as nações da Terra conseguirem reduzir a emissão de gases agravadores do efeito estufa, vai ser possível evitar o colapso da espécie ártica.
Mas o esforço terá de ser sério. Um dos autores da pesquisa, Eric DeWeaver, da Fundação Nacional de Ciências dos EUA, calcula que o nível de dióxido de carbono (principal gás-estufa) na atmosfera terá de se estabilizar em 450 partes por milhão.
Como o nível hoje é de 390 ppm, isso significa uma redução das emissões de 70% até 2100. O número é compatível com o consenso nas negociações globais do clima -embora nenhum país esteja fazendo o esforço necessário para chegar lá ainda.
Para estimar o que aconteceria com os ursos, os cientistas usaram simulações computacionais do clima e do gelo marinho ao longo deste século, levando em conta vários cenários (pessimistas e otimistas) sobre as emissões.
Muitos pesquisadores temiam que as plataformas de gelo do Ártico fossem suscetíveis a um "ponto de virada" brusco. Esse temor vinha do fato de que o sumiço do gelo marinho parecia ser um processo que se autoalimenta.
É que a brancura do gelo, ao refletir a luz do Sol, normalmente esfria ainda mais a área circundante. Quando o mar, mais escuro, fica um pouco exposto, ele absorve luz solar, esquentando o entorno e derretendo mais gelo.
"Mas o que nós vimos é que essa autoalimentação não acontece com tanta eficiência", diz Steven Amstrup, também autor do estudo, da ONG americana Polar Bears International. O estudo ainda alerta: sem corte de emissões, a população de ursos cairá para um terço da atual em 2050.


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