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SAÚDE
Agente da pneumonia asiática isolado de pacientes humanos causa sintomas semelhantes em pulmões de primatas
Macaco atesta que coronavírus é culpado
LAWRENCE K. ALTMAN
DO "THE NEW YORK TIMES"
Macacos infectados experimentalmente com o novo coronavírus
desenvolveram uma doença similar à misteriosa pneumonia asiática, também conhecida pela abreviação Sars [síndrome respiratória aguda grave, em inglês". Agora, é quase certo que o coronavírus causa a doença, disse um representante da Organização
Mundial da Saúde (OMS).
David L. Heymann, diretor-executivo encarregado de doenças
transmissíveis da OMS, afirmou
que a agência está 99% segura de
que a pneumonia asiática é causada pelo novo coronavírus, com
base em experimentos com macacos realizados na Holanda. Experimentos com animais são necessários porque a falta de um tratamento eficaz contra a Sars e a alta taxa de mortalidade tornam antiético conduzir tais experimentos
com seres humanos.
Resultados preliminares indicam que os macacos desenvolveram uma doença similar à Sars
depois que o coronavírus foi depositado em suas narinas. Alguns
dos primatas desenvolveram
pneumonia, e o exame de seus
pulmões sob microscópio revelou
um padrão de lesões semelhante
àquele manifestado em humanos.
Os experimentos com macacos
são essenciais para cumprir os
passos conhecidos como postulados de Koch, necessários para estabelecer a prova de que um vírus
ou um micróbio causa uma doença. Na aplicação dos postulados à
pneumonia asiática, os cientistas
têm de determinar se a injeção de
coronavírus em animais causa
sintomas similares àqueles experimentados por humanos.
Verificar a causa da Sars é essencial para o desenvolvimento de
testes de diagnóstico confiáveis
para determinar quem tem a
doença, para que pacientes afetados possam ser tratados em isolamento e aqueles não afetados possam prosseguir com suas atividades normais.
Até ontem, a doença tinha afetado 3.293 pessoas e provocado a
morte de 159, em 22 países e Hong
Kong. A taxa de mortalidade subiu de 4% para 5% recentemente.
Ainda não está claro se a Sars
tem potencial para provocar uma
epidemia de escala planetária e se
tornar uma causa permanente de
doença, como a tuberculose, disse
Heymann. "Não podemos fazer
previsões até que entendamos o
que está acontecendo na China."
Sigilo criticado
A China tem sofrido críticas de
várias partes do mundo por não
relatar de modo completo -até
as últimas semanas- o número
de casos registrados desde novembro e por não ter permitido
que equipes internacionais de especialistas visitassem as áreas afetadas, até pouco tempo atrás.
Apesar da promessa da China
de relatar todos os casos da pneumonia, nos últimos dias médicos
chineses têm denunciado que haviam tratado muitos casos em
hospitais militares que o governo
chinês não teria notificado à
OMS. A equipe de especialistas da
agência vinha tendo seu acesso
negado a esses hospitais, mas anteontem a OMS anunciou que o
grupo visitou um hospital militar
em Pequim e que contava com visitas a outros em breve.
A decisão do governo chinês de
dar acesso aos hospitais militares
é "uma indicação bem-vinda da
disposição da China de controlar
o surto de Sars no continente",
afirmou a OMS. Na segunda-feira, o presidente da China, Hu Jintao, havia dito na TV estatal que
estava "muito preocupado".
Heymann disse que a China
criou um sistema nacional de notificação sobre a pneumonia, nas
últimas três semanas, e elevou o
status da doença ao de cólera e febre amarela, para as quais o governo pode impor quarentenas.
Só em Hong Kong morreram
nove pessoas com Sars, anteontem, o que representou um novo
recorde diário de casos fatais. Cinco desses mortos eram pessoas
com menos de 45 anos, inclusive
uma grávida e quatro pacientes
sem quaisquer outras moléstias.
No mesmo dia, a cidade de Xangai impôs pela primeira vez na
China restrições de viagem, ordenando a interrupção de excursões
para Hong Kong.
Até o momento, os Estados
Unidos notificaram à OMS 193
casos de pneumonia asiática, sem
a ocorrência de mortes. Com exceção de 19, todos envolviam pessoas que haviam viajado para
áreas afetadas. Esses 19 casos representam transmissão secundária para 14 pessoas da própria família e 5 para profissionais do setor de saúde. A expectativa nos
EUA é de que os Centros de Controle e Prevenção de Doenças
(CDC) diminuam o total oficial de
casos de Sars, nas próximas semanas, para cerca de 30. Os CDC empregaram deliberadamente uma
definição mais abrangente de casos de pneumonia asiática do que
a da OMS, para não deixar escapar casos menos graves.
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