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TECNOLOGIA
Equipe da USP participa de evento na Grécia para divulgar potencial da energia elétrica obtida a partir da luz
Brasil disputa corrida de carros solares
UIRÁ MACHADO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
As Olimpíadas ainda não começaram, mas já tem gente indo representar o Brasil em Atenas. "Patinho feio" de uma competição de
carros solares que começa no próximo sábado, a equipe da USP sabe que "o importante é competir"
e nem pensa em vencer a corrida.
Ainda assim, orgulha-se de ser a
única representante da América
Latina a levar um veículo para a
disputa -o Brasil mesmo não
competia desde 1996.
A largada da Phaethon Hellas
2004 será dada no Estádio Olímpico de Atenas. Nos mesmos moldes de um rali, os 18 competidores
percorrerão 800 km pelo litoral da
Grécia, entre os dias 22 e 29 de
maio, pouco mais de dois meses
antes das Olimpíadas.
Segundo o site oficial, (www.phaethon2004.org) o objetivo da
corrida é chamar a atenção para
a necessidade da proteção ambiental e do respeito ao ambiente.
Essa é a principal motivação de
Vinicius Rodrigues de Moraes,
coordenador da equipe da USP.
"Queremos mostrar a viabilidade
das energias alternativas."
Moraes, que é professor de engenharia do Mackenzie e doutorando da USP, diz que o carro
apresenta vantagens ambientais,
pois não emite gases poluentes,
não produz ruídos e não degrada
o ambiente para obter energia. "A
luz solar, absorvida por um painel, é convertida em energia elétrica, que carrega baterias e aciona o motor elétrico. Não há combustível", explica.
O painel do USP Solar mede seis
metros de comprimento por dois
de largura, mas sua área total não
poderá ser aproveitada em Atenas, por exigência do regulamento. Essa foi apenas uma das mudanças que a equipe fez no carro.
As outras fizeram parte da "reforma" aplicada ao veículo.
Versão 2.0
O USP Solar, na verdade, é uma
atualização do Banana Enterprise,
o primeiro carro solar produzido
no Brasil. "Estamos utilizando toda a estrutura do Banana: chassis,
carenagem, suspensão e painel.
Mas montamos uma parte eletrônica nova, freios, transmissão. Dizemos que é um outro carro, porque o antigo foi remodelado",
afirma Moraes.
Fazer um carro solar competitivo, contudo, não é barato. Segundo Eduardo Bomeisel, dono do
carro e idealizador do projeto, foram gastos cerca de US$ 60 mil
para montar o Banana, dos quais
US$ 22 mil foram aplicados na
compra das células fotovoltaicas.
As células, de silício monocristalino, são as responsáveis pela
conversão da energia luminosa
em elétrica. Seu grau de aproveitamento energético varia bastante, assim como o preço. "Nossas
células, em 93, tinham uma eficiência de 16% ou 17%. Custam
cerca de 30 dólares cada. Há células, contudo, com aproveitamento perto de 25%. Essas custam milhões de dólares", diz Bomeisel.
A diferença no orçamento é determinante para o resultado da
corrida. Segundo Bomeisel, as células de maior eficiência conseguem dar muito maior potência
ao motor. "Para se ter uma idéia,
enquanto nosso carro pode chegar a 75 km/h, os mais caros alcançam 160 km/h. Mas são carros
absurdamente caros." Embora só
dois ou três cheguem a isso, a
maioria dos carros supera o desempenho do USP/Solar.
Saber disso não desanima a
equipe. Mais do que o espírito
olímpico lembrando que o importante é competir, Bomeisel
destaca a importância do projeto.
"A corrida é uma vitrine. A
principal contribuição dos carros
solares é despertar a atenção para
a questão do aproveitamento
energético e da eficiência do motor. O carro consegue andar 3.000
km com energia equivalente a
cinco litros de gasolina."
Apesar disso, Bomeisel considera que o tamanho do painel torna
"inconveniente" fazer um carro
solar para uso comum. Ele levanta, porém, a possibilidade de, por
exemplo, carregar a bateria elétrica do carro com um painel solar
instalado no telhado de uma casa.
Mário Luiz Pin, piloto do carro,
também fala da questão da energia. Estudante de física na USP,
Pin integra, junto com outros cinco estudantes, a equipe coordenada por Moraes que irá para a Grécia. "É importante conseguir pesquisar tecnologia nova, ainda
mais no Brasil, que é tão difícil."
Pin afirma que seu objetivo em
Atenas é chegar ao final da corrida, "não importa em qual colocação". Moraes corrobora a opinião: "Quando cruzarmos a linha
de chegada, estaremos provando
que pode dar certo".
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