São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 2005

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CLIMA

Grupo adere a Kyoto e critica política do governo Bush

Prefeitos americanos montam liga para enfrentar aquecimento global

DO "NEW YORK TIMES"

Assustado com uma série de invernos secos numa cidade normalmente úmida, o prefeito de Seattle (noroeste dos Estados Unidos), Greg Nickels, iniciou um esforço nacional para pôr em prática as medidas do Protocolo de Kyoto contra o aquecimento global. Nickels, do Partido Democrata, diz que outros 131 prefeitos se juntaram a uma coalizão para enfrentar o problema localmente, numa rejeição implícita à política do governo George W. Bush.
Segundo Nickels, os prefeitos vêm de cidades tão liberais quanto Los Angeles e tão conservadoras quanto Hurst, no Texas, representando 29 milhões de pessoas em 35 Estados. A idéia é fazer com que seus municípios atinjam a meta estabelecida pelo protocolo: reduzir as emissões de gases-estufa, causadores do aquecimento global, em 7% (em relação aos níveis de 1990) até 2012.
Na última quinta feira, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, trouxe a cidade para a coalizão, tornando-se o mais recente republicano a entrar no grupo.
Para atingir a meta, Nickels afirmou que Seattle está pedindo que os navios ancorados em seu porto desliguem seus motores a diesel e usem apenas a energia elétrica disponibilizada pela cidade. E, até o fim do ano, a Seattle City Light, empresa de energia do município, será a única dos EUA sem emissões de gases-estufa.
Já Salt Lake City (centro-oeste) vai se tornar a maior compradora de energia eólica do Estado de Utah para conseguir cumprir sua meta. Em Nova York, Bloomberg vai tentar reduzir as emissões da frota municipal comprando veículos híbridos, movidos a gasolina e energia elétrica.
O principal argumento do governo Bush para não aderir a Kyoto -aplicar o protocolo traria problemas econômicos sérios aos EUA- é contestado pelos prefeitos, que dizem estar agindo justamente por se preocuparem com a vitalidade econômica de suas cidades. Nickels, por exemplo, afirma que os invernos secos e a projeção de diminuição das geleiras nas montanhas perto de Seattle ameaçam o suprimento de água potável e energia hidroelétrica do município.
Já o prefeito de Nova Orleans, C. Ray Nagin, do Partido Democrata, disse que entrou na coalizão porque o aumento projetado dos níveis dos oceanos "ameaça a própria existência da cidade". Segundo Nickels, não é por acaso que a maioria das cidades que se aliaram a ele vêm de Estados costeiros. O prefeito de Alexandria, Virgínia, está preocupado com o aumento das enchentes, enquanto os governantes de cidades da Flórida temem mais furacões.


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