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Astro semelhante à Terra possui órbita estável, afirmam cientistas
DA REPORTAGEM LOCAL
Até agora, mais de 90 planetas
extra-solares já foram encontrados -todos gigantes gasosos, como Júpiter. Mais ainda, a maioria
dos sistemas planetários catalogados apresenta configurações tão
exóticas, com os planetas tão próximos da estrela ou em órbitas tão
achatadas, que muitos cientistas
achavam difícil imaginar que possa haver por lá mundos habitáveis. Mas a maré está mudando.
Em um estudo publicado na última edição da revista "The Astrophysical Journal", o físico Matthew Noble e seus colegas, da Universidade do Texas em Arlington,
nos EUA, analisaram três sistemas estelares já conhecidos, na
esperança de verificar se há órbitas estáveis para planetas rochosos na famosa zona habitável.
Esse nome sugestivo foi dado
pelos astrônomos para determinar a área de um sistema planetário em que um planeta rochoso
(como a Terra, diferentemente
dos gigantes gasosos, como Júpiter) seria capaz de manter água líquida na superfície. No Sistema
Solar, os extremos dessa região
seriam demarcados pelas órbitas
de Vênus e Marte (a Terra fica posicionada bem no meio).
As três estrelas estudadas por
Noble com simulações foram escolhidas para representar bem os
padrões exóticos dos sistemas
planetários já encontrados.
A estrela 47 UMa, na constelação de Ursa Maior, tem dois planetas gigantes, posicionados um
pouco além da zona habitável. Já a
51 Peg (da constelação de Pégaso)
possui um gigante girando rapidamente, bem colado à estrela. Finalmente, a estrela HD 210277,
perto da constelação de Aquário,
possui um gigante em uma órbita
bem achatada, com meio percurso dentro da zona habitável.
Com as análises, os cientistas
descobriram que em dois dos três
casos há órbitas estáveis e viáveis
para planetas na região habitável.
O único sistema totalmente inviável é o da HD 210277 -o percurso do planeta gigante pela zona
habitável varreria do mapa qualquer planeta que estivesse por lá.
No caso da 47 UMa, as órbitas
estáveis se encontram na região
mais interna da zona habitável.
Finalmente, em 51 Peg, o gigante
colado à estrela nem chega a incomodar, tornando toda a zona habitável viável para planetas.
Apesar do bom resultado estatístico, ainda não se pode afirmar
com certeza que planetas como a
Terra estáveis são comuns em outras estrelas. Um dos opositores
da idéia de que há Terras aos
montes é Donald Brownlee, astrônomo da Universidade de Washington que escreveu com o geólogo Peter Ward o livro "Sós no
Universo?", que questiona a possibilidade de vida inteligente fora
daqui. E ele mantém a opinião.
"O método de Noble só é preciso para o curto prazo", disse
Brownlee à Folha. "A maioria das
simulações de longo prazo mostrou que planetas da Zona Habitável são instáveis a não ser que os
gigantes estejam a 3 unidades astronômicas (três vezes a distância
distância Terra-Sol)."
Para Brownlee, o caso de 51 Peg
é interessante. "Mas é provável
que sistemas com gigantes colados à estrela tenham se formado
por migração orbital. Planetas como a Terra teriam sido atirados
de suas órbitas quando o gigante
adentrasse a região."
(SN)
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