São Paulo, terça-feira, 17 de junho de 2008

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Grupo encontra três "irmãos da Terra" em volta de estrela

Descoberta foi feita com telescópio europeu no Chile; é o 1º sistema extra-solar com várias "superterras" já identificado

Com o avanço tecnológico dos telescópios, achados como o feito por europeus serão mais comuns; céu do Atacama também ajudou

France Presse
Concepção artística do novo sistema solar

EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

O céu sempre aberto do deserto do Atacama, no Chile, e o olhar cada vez mais preciso dos telescópios astronômicos estão por trás de uma descoberta anunciada ontem que, tudo indica, será cada vez mais freqüente nos próximos anos.
Três planetas extra-solares, com massas relativamente próximas à da Terra, foram identificados por uma equipe de astrônomos europeus. Todos os astros orbitam a mesma estrela, a 42 anos-luz (400 trilhões de quilômetros) da Terra.
É a primeira vez que se descobre um sistema solar com múltiplos planetas rochosos, potenciais abrigos para vida extraterrestre. A imensa maioria dos planetas extra-solares detectados até agora é de gigantes gasosos como Júpiter, quentes demais e inabitáveis. Eles são mais fáceis de "enxergar".
Os astrônomos consideram parecidos com a Terra planetas que tenham até 15 vezes a sua massa. No novo sistema solar, as três "superterras" têm, respectivamente, 4,2, 6,7 e 9,4 vezes a massa terrestre. E as rotações desses corpos celestes duram 4,3, 9,6 e 20,4 dias.
"Para a astrobiologia é importante que planetas rochosos não muito maiores do que a Terra sejam encontrados. E isso é uma tendência, porque os instrumentos estão mais precisos", disse à Folha o astrofísico Carlos Wuensche, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Dos 303 planetas identificados até hoje fora do Sistema Solar, segundo a Enciclopédia dos Planetas Extra-Solares (exoplanet.eu/catalog.php), a grande maioria, 246, foram encontrados de forma indireta, medindo-se a influência gravitacional deles sobre a luz emanada por suas estrelas.
A mais recente descoberta de um sistema extra-solar, como foi dito ontem, não foge à regra.
A partir do observatório ESO (European Southern Observatory), em La Silla, no Atacama, os cientistas acompanharam a estrela HD40307 e suas três superterras durante cinco anos. "Nós fizemos medidas muito precisas durante esse tempo, que revelaram com clareza a presença dos três planetas", afirmou Michel Mayor, do Observatório Genebra, um dos autores da descoberta e um dos pioneiros da técnica de detecção de exoplanetas.
A relação entre a massa do menor dos três planetas e o seu sol dá a real dimensão da precisão das medidas do ESO. A diferença é de 100 mil vezes.
"A perturbação induzida pelos planetas [na velocidade de deslocamento da estrela] é muito pequena, e somente a alta sensibilidade dos nossos instrumentos é capaz de detectar isso", diz François Bouchy, do Instituto de Astrofísica de Paris, na França, que também participou do estudo.
Na conferência científica realizada ontem, outros dois planetas extra-solares, que orbitam estrelas diferentes, foram apresentados. O menor tem 7,5 vezes a massa terrestre e, o maior, 22 vezes.


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