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Nasa apagou fitas originais da ida à Lua
Gravações estavam em estoque de 200 mil fitas que foram reutilizadas nos anos 1970 e 1980 para economizar dinheiro
Ontem, no aniversário de
40 anos da decolagem da
Apollo-11, agência divulgou
versão restaurada de vídeos
de 2ª mão da alunissagem
Nasa TV
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Sem soltar a escada do módulo Águia, Neil Armstrong pisa na Lua,
em trecho do vídeo restaurado a partir de cópias secundárias
DA REDAÇÃO
As fitas originais com as imagens da Apollo-11, primeira
missão tripulada à Lua, perderam-se para sempre, afirmou
ontem a Nasa.
Em entrevista coletiva marcada para divulgar uma versão
restaurada de imagens feitas a
partir de uma transmissão televisiva, em 20 de julho de 1969, a
agência espacial reconheceu
que as fitas que registraram diretamente a alunissagem foram apagadas sem querer para
que fossem reutilizadas.
Ontem, no aniversário de 40
anos da partida de Michael Collins, Edwin "Buzz" Aldrin e
Neil Armstrong para a Lua, a
Nasa apresentou apenas alguns
trechos da restauração. O trabalho completo será divulgado
somente em setembro.
Mesmo com melhorias, as
imagens de segunda mão ainda
têm manchas e com chuviscos.
O trabalho está sendo feito em
parceria com uma empresa de
restauração de Hollywood.
Uma pequena amostra dos vídeos pode ser vista no site da
Nasa (www.nasa.gov).
Esta foi a primeira vez que a
agência espacial americana admitiu que não tem mais como
recuperar as fitas originais. Em
2006, a Nasa reconhecera que
havia perdido o material, mas
afirmava ainda ter esperança
de recuperá-lo.
Foi só agora, em 2009, que
Richard Nafzger, engenheiro
da Nasa, descobriu onde elas
foram parar: estavam em um
estoque de 200 mil fitas que foram apagadas e reutilizadas
nos anos 1970 e 1980 para economizar dinheiro.
Essas fitas foram utilizadas
para gravar missões posteriores ou até para registrar dados
eletrônicos de satélites (telemetria). Ou seja, as imagens
que impressionaram o mundo
inteiro podem ter sido substituídas por código binário.
Segundo Nafzger, havia pouco interesse sobre as fitas na
época porque o objetivo maior
do governo dos EUA para efeito de propaganda era a transmissão ao vivo.
As cópias dos vídeos sobre as
quais a nova restauração foi
feita foram tiradas dos arquivos da rede de TV CBS e do
acervo da própria Nasa: alguém
havia apontado uma filmadora
para as telas que exibiam as
transmissões originais e guardado algumas das fitas.
A Nasa acredita que as fitas
originais poderiam conter dados digitais enviados da Lua.
Eles poderiam se converter em
imagens com definição muito
melhor do pouso da Apollo-11
do que aquelas que foram
transmitidas pela TV em 20 de
julho de 1969, quando Armstrong e Aldrin se tornaram os
primeiros humanos a pisar em
um outro corpo celeste.
A técnica utilizada pelas
emissoras não era muito avançada: os câmeras eram posicionados perto de um telão gigante em Houston, na base de controle da Nasa, e retransmitiam
o que estava passando.
Nafzger diz que ainda podem
existir outras cópias perdidas
das transmissões originais de
1969 e que ele pretende continuar procurando.
As imagens dos astronautas
andando na superfície lunar e
ficando a bandeira americana
no chão foram vistas por 600
milhões de pessoas no mundo
ao vivo, estima-se.
A Lowry, empresa que está
restaurando os vídeos, trabalha
com a digitalização de antigos
filmes hollywoodianos. Eles
pretendem juntar arquivos de
diferentes origens para fazer
um novo vídeo do pouso.
Questionado ontem, Nafzger
diz não se preocupar com a
ideia de que teorias conspiratórias de que o homem nunca
chegou à Lua possam ganhar
força com uma empresa de
Hollywood reeditando as fitas.
"A empresa está restaurando
vídeo histórico. Não faz diferença de onde ela é", disse.
Nafzger participou, em 1969,
da equipe que trabalhou para
conseguir que as imagens da
Lua chegassem em tempo real
à Terra, a 386 mil quilômetros
de distância. Foi um desafio
tecnológico quase tão grande
quanto o de mandar seres humanos para o satélite da Terra.
Com agências internacionais
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