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USP tenta criar dente vivo usando células-tronco
Grupo põe R$ 200 mil em laboratório que usará dentes de leite para extrair material, em parceria com ingleses
Meta dos pesquisadores é refazer dente inteiro; técnica pode vir a ser usada em clínicas para produzir bioimplantes
SABINE RIGHETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A fada do dente, famosa
por recolher os dentes de leite debaixo do travesseiro das
crianças, pode estar com os
dias contados no imaginário
infantil. Cientistas brasileiros e britânicos querem usar
a polpa desses dentes para
remendar a dentição danificada ou até recriá-la.
Estão apostando na ideia a
USP e a instituição britânica
King's College. A universidade paulista deve criar, em
2011, um laboratório de células-tronco dentárias na sua
Faculdade de Odontologia.
A obra custará em torno de
R$ 200 mil e deve ficar pronta
em meados de 2011. Parte dos
equipamentos será financiada pela Fapesp (Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
O laboratório deve abrigar,
no futuro, um banco de células-tronco dentárias. Será o
primeiro do Brasil e fornecerá células que poderão ser
usadas por profissionais de
saúde e por pesquisadores.
ÉTICA
A primeira vantagem de
usar células-tronco de dente
de leite para pesquisa é o
acesso fácil. Humanos têm
20 dentes de leite na infância, os quais caem naturalmente. Também não há, em
relação a elas, os grandes debates éticos que cercam as
versáteis, embora polêmicas,
células-tronco embrionárias.
"Além disso, as células
dos dentes de leite parecem
crescer mais rápido que as de
dentes permanentes e podem se diferenciar [se especializar] em células formadoras de dentes, neurônios, de
gordura e até de outros tecidos do corpo", conta Andrea
Mantesso, dentista da USP e
do King's College que coordena o projeto.
A instalação servirá também para treinar pesquisadores no cultivo, preservação
e caracterização de células-tronco dentárias.
Mantesso já está envolvida
com formação de cientistas
nessa área na USP e no King's
College, de Londres. As instituições hoje realizam cinco
projetos em células-tronco
dentárias em parceria.
"No próximo ano, começaremos a enviar alunos da
USP para Londres. Nossa intenção é estreitar laços", diz.
Os trabalhos realizados
em conjunto vão desde transplante de tecido embrionário
que dá origem à mandíbula
no rim de camundongos até o
estudo de genes relacionados a células-tronco dentais.
PARA QUANDO?
Para a especialista, ainda é
cedo para se falar em prazo,
mas há quem acredite que
em 15 anos a técnica já estará
disponível. "A pesquisa nessa área está se disseminando, e um maior numero de
pesquisadores envolvidos
pode trazer respostas mais
rápidas", conclui.
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