São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 2006

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Gripe do frango tem calcanhar-de-aquiles

Proteína da superfície do vírus causador da doença deve ser alvo para medicamentos contra a pandemia

DA REUTERS

Pesquisadores dizem ter dado um passo crucial no desenvolvimento de um medicamento capaz de atacar o temido vírus H5N1, causador da gripe aviária. Usando técnicas avançadas de raio-X, eles encontraram um possível calcanhar-de-aquiles do vírus, que poderia ser explorado por novas drogas.
Eles advertem, no entanto que pelo menos cinco anos ainda separam a pesquisa atual dessas novas armas. "Não é algo para amanhã", diz John Skehel, do Instituto Nacional de Pesquisa Médica do Reino Unido, que coordenou o estudo, que sai hoje na revista "Nature".
O trabalho encontrou uma região desprotegida na proteína conhecida como neuraminidase, correspondente ao "N" do nome do vírus. Essa molécula é a principal responsável pela capacidade do H5N1 (e dos outros vírus da gripe) de saltar de célula para célula.
A neuraminidase fica na superfície do patógeno, ao lado da hemaglutinina (a proteína à qual a letra "H" se refere). Os medicamentos que hoje parecem surtir efeito contra a gripe do frango também têm como alvo a neuraminidase, mas foram desenvolvidos para outros vírus da gripe, o que torna sua ação pouco específica.
"O nosso trabalho vai possibilitar que o uso dessas drogas já conhecidas, como Tamiflu e Relenza, fique mais confiável porque dificultará o surgimento da resistência do vírus", diz Skehel. Ao diversificar os ataques ao H5N1, a chance de que ele desenvolva mecanismos de defesa deve se tornar menor. "Hoje, as nossas opções são muito limitadas", diz Fred Hayden, especialista em gripe da OMS (Organização Mundial da Saúde). "Realmente estávamos precisando de uma alternativa", avalia ele.
Até hoje, há 238 casos de gripe aviária registrados entre seres humanos, dos quais 60% levaram à morte. No entanto, a imensa maioria desses casos foi decorrente do contato direto entre as pessoas e as aves. O grande temor é que o H5N1 "aprenda" a passar de ser humano para ser humano.


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