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Gripe do frango tem calcanhar-de-aquiles
Proteína da superfície do vírus causador da doença deve ser alvo para medicamentos contra a pandemia
DA REUTERS
Pesquisadores dizem ter dado um passo crucial no desenvolvimento de um medicamento capaz de atacar o temido vírus H5N1, causador da gripe
aviária. Usando técnicas avançadas de raio-X, eles encontraram um possível calcanhar-de-aquiles do vírus, que poderia
ser explorado por novas drogas.
Eles advertem, no entanto
que pelo menos cinco anos ainda separam a pesquisa atual
dessas novas armas. "Não é algo
para amanhã", diz John Skehel,
do Instituto Nacional de Pesquisa Médica do Reino Unido,
que coordenou o estudo, que
sai hoje na revista "Nature".
O trabalho encontrou uma
região desprotegida na proteína conhecida como neuraminidase, correspondente ao "N" do
nome do vírus. Essa molécula é
a principal responsável pela capacidade do H5N1 (e dos outros
vírus da gripe) de saltar de célula para célula.
A neuraminidase fica na superfície do patógeno, ao lado da
hemaglutinina (a proteína à
qual a letra "H" se refere). Os
medicamentos que hoje parecem surtir efeito contra a gripe
do frango também têm como
alvo a neuraminidase, mas foram desenvolvidos para outros
vírus da gripe, o que torna sua
ação pouco específica.
"O nosso trabalho vai possibilitar que o uso dessas drogas
já conhecidas, como Tamiflu e
Relenza, fique mais confiável
porque dificultará o surgimento da resistência do vírus", diz
Skehel. Ao diversificar os ataques ao H5N1, a chance de que
ele desenvolva mecanismos de
defesa deve se tornar menor.
"Hoje, as nossas opções são
muito limitadas", diz Fred
Hayden, especialista em gripe
da OMS (Organização Mundial
da Saúde). "Realmente estávamos precisando de uma alternativa", avalia ele.
Até hoje, há 238 casos de gripe aviária registrados entre seres humanos, dos quais 60% levaram à morte. No entanto, a
imensa maioria desses casos foi
decorrente do contato direto
entre as pessoas e as aves. O
grande temor é que o H5N1
"aprenda" a passar de ser humano para ser humano.
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