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Aura do Nobel se dissolve rápido para painel do clima
IPCC começa a preparar 5º Relatório de Avaliação com o desafio de fazer países agirem contra o aquecimento, mas sem ditar políticas
ANDREW C. REVKIN
DO "NEW YORK TIMES"
Dois anos atrás, uma reunião
científica atraiu atenção mundial ao reportar que a atividade
humana estava aquecendo o
planeta de formas que poderiam afetar seriamente os assuntos e a natureza humanos.
O trabalho do grupo, o Painel
Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), dividiu o Prêmio Nobel da Paz de
2007 com o vice-presidente
americano Al Gore.
Contudo, enquanto o painel
se prepara para seu próximo relatório, especialistas avisam
que ele poderia rapidamente
perder relevância.
Embora o IPCC, fundado em
1988 e operando sob proteção
das Nações Unidas, tenha colecionado prêmios e aclamações,
há poucas evidências de que os
países estejam fazendo algo a
respeito de seus alertas. As
emissões de gases-estufa aumentaram. Conversas sobre o
novo tratado do clima permanecem basicamente travadas.
"O IPCC conseguiu a atenção
mundial, mas agora o desafio é
fazer o tigre seguir na direção
correta", disse Michael MacCracken, antigo membro do
painel e cientista-chefe do Climate Institute, um grupo sem
fins lucrativos. "Para o IPCC,
isso significa oferecer diretrizes que irão minimizar os impactos climáticos e maximizar
os investimentos num futuro
próspero e sustentável."
Ambientalistas afirmam que
os relatórios do painel são atrapalhados pela exigência de que
os governos patrocinadores
aprovem seus resumos.
Alguns especialistas consideram que o IPCC fracassou em
acompanhar o ritmo da explosão de pesquisas climáticas.
Ao mesmo tempo, cientistas
que questionam a probabilidade de uma interferência calamitosa no clima da Terra, acusam o painel de escolher a dedo
os estudos e subestimar os níveis de incerteza.
Rajendra Pachauri, presidente do painel, rechaça a acusação de viés, apontando que
todo o processo é pautado pelo
"peer-review", ou revisão por
pares -um mecanismo antifraude da ciência.
Todavia, ele reconhece os desafios que o grupo enfrenta ao
traduzir ciência complexa de
uma forma que produza reações significativas.
O painel não pode recomendar um curso de ação. Ele apenas aponta trajetórias de emissão de gases-estufa.
Por exemplo, Pachauri apontou que enquanto os líderes do
G8 prometeram, no mês passado, limitar o aquecimento global a 2C, eles não conseguiram
adotar as reduções de emissões
que o IPCC diz serem necessárias para manter a promessa.
Encontrar maneiras de direcionar nações sem ser prescritivo é dos focos principais do 5º
Relatório de Avaliação, a ser
lançado em 2014.
Uma meta para o próximo relatório é uma avaliação muito
mais completa do quanto, e do
quão rápido, os mares poderiam se elevar com o aquecimento ininterrupto.
Será dedicada maior atenção
a pesquisas sobre o potencial de
alterações perigosas na química do oceano. Outro foco serão
os métodos artificiais de grande escala para confrontar o
aquecimento, mais conhecida
como geoengenharia.
O painel também tentará,
com mais afinco, identificar
impactos antecipados de mudanças climáticas em certas regiões, e opções para estimular a
adaptabilidade em locais especialmente vulneráveis, como a
África abaixo do Saara.
Pachauri disse que o painel
doou os US$ 670 mil do Nobel
para ajudar os países pobres a
enfrentar riscos climáticos. Gore doou sua parte à Aliança para
a Proteção do Clima.
Tradução de PEDRO KUYUMIJAN
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