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Carne do futuro pode ser artificial, afirma cientista
Governo britânico pediu pesquisas sobre alimentação global em 2050
Com recursos naturais
mais caros e escassos,
comida desenvolvida
em laboratório pode ser
a melhor alternativa
VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
Se você gosta de carne,
corra para uma churrascaria,
porque renomados cientistas
acreditam que em 40 anos
não haverá suculentos bifes
para todo mundo. Muitos terão de comer carne produzida em laboratório.
A advertência faz parte de
uma série de 21 artigos científicos encomendados pelo governo britânico para projetar
a situação alimentar do mundo em 2050. As conclusões: a
população será de 9 bilhões
de pessoas, e o consumo per
capita de alimentos também
crescerá, principalmente nos
países em desenvolvimento.
Por isso, será necessário
aumentar muito a produção
de alimentos. Haverá competição por terra e por água, e o
preço da comida vai subir.
Nos últimos anos, a tecnologia ajudou. Técnicas de
plantio, melhora nas sementes e controle de pragas aumentaram a produtividade.
Na pecuária, estudos genéticos, inseminações artificiais e redução de doenças fizeram os animais terem mais
peso (30% a mais no caso das
vacas desde 1960) e darem
mais leite (30% a mais por
vaca no mesmo período).
Chegará um momento, porém, em que preconceitos deverão ser deixados de lado.
Aí entra a carne artificial, ou
produzida em laboratório.
"A carne in vitro já se provou factível e pode ser produzida de uma forma mais saudável e higiênica que na pecuária atual", disse Philip
Thornton, do Instituto Internacional de Pesquisas em Pecuária de Nairóbi, no Quênia.
Estudos sobre carne in vitro começaram há cerca de
dez anos. Trata-se de retirar
células de um animal vivo e
fazer com que se reproduzam
até virar tecido muscular. Em
janeiro, europeus criaram
carne de porco assim.
Curioso é que a discussão
surja agora, quando o Reino
Unido investiga se a carne de
filhos de uma vaca clonada
foi aos mercado sem aviso a
autoridades e consumidores.
Para os cientistas, a necessidade poderá obrigar a população que hoje teme animais clonados a aceitar a carne produzida em laboratório.
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