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Após queda, desmate volta a crescer em Mato Grosso
Aumento foi de 200% entre maio e julho, alerta sistema desenvolvido por ONGs
Dados de satélite mostram,
no entanto, que a área total
devastada ainda é pequena;
reaquecimento de boi e soja
poderia explicar o repique
Fernando Donasci - 28.jun.2006/Folha Imagem
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Caminhão em Aripuanã, uma das campeãs de desmatamento |
DA REPORTAGEM LOCAL
A primeira compilação anual
dos dados do SAD (Sistema de
Alerta de Desmatamento), método desenvolvido pelas ONGs
Imazon e ICV para enxergar o
corte florestal em Mato Grosso,
revela com clareza o jogo de
tensões existente em parte da
fronteira do desmatamento.
"Temos uma boa notícia, mas
com um sinal de alerta para o
governo", afirma Sérgio Guimarães, do ICV.
Traduzindo para números:
entre agosto de 2006 e julho de
2007, tombaram em Mato
Grosso 2.512 quilômetros quadrados de floresta amazônica.
O que significa uma redução,
em relação ao mesmo período
de 12 meses anterior, de 59%.
Em compensação, nos últimos três meses do período analisado - maio, junho e julho
deste ano -, o corte da floresta
cresceu em 200%, comparado
ao mesmo período de 2006.
"O SAD registrou esse repique. Ele serve como uma alerta,
porque os números absolutos
desses desmatamentos ainda
são pequenos", diz. No mês de
julho de 2007, por exemplo, o
derrube atingiu "apenas" 76
quilômetros quadrados.
Para Adalberto Veríssimo, do
Imazon, a volta do desmatamento precisa ser acompanhada de perto. "Nossa hipótese é
que isso tem a ver com o aumento dos preços das principais commodities, gado e soja.
Mas ainda não temos como
afirmar isso com certeza."
As propriedades rurais que
estão fora do sistema de licenciamento ambiental do Estado,
no qual propriedades são monitoradas por satélite, protagonizaram 50,31% do desmatamento. O segundo vilão da lista
são os assentamentos de reforma agrária, com 14,02%. Mas
apenas um pouco na frente das
propriedades rurais cadastradas no sistema de licenciamento, mas que não respeitaram a
reserva legal. Elas fizeram
13,28% das derrubadas.
Em termos geográficos, a situação mais crítica continua no
mesmo local. "A maior área de
risco se concentra nas regiões
noroeste e norte do Estado",
afirma Guimarães.
Os municípios que mais desmataram são fronteiras da extração de madeira, da pecuária
e da grilagem de terras, como
Juína, Alta Floresta e Colniza
-esta última, conhecida como
o lugar mais violento do Brasil.
Segundo ele, nesta semana, o
governo do Estado vai fazer
uma reunião com as ONGs.
"Esse nosso sistema poderá
ajudar muito em uma fiscalização contra o desmatamento
mais focada".
O Imazon promete para outubro o primeiro relatório do
SAD para o Pará. "Mato Grosso
e Pará juntos respondem por
70% do desmatamento da
Amazônia", diz Veríssimo.
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