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Calor é que faz o nível do mar subir na Antártida
Para estudo, derretimento do gelo não é o culpado
DA REUTERS
O nível do mar ao redor da
Antártida subiu na última década, e não foi por causa do derretimento do gelo. Para os cientistas australianos que estão há
15 anos acompanhando os dados oceanográficos da região, a
culpa é apenas da mudança climática, que fez a água do mar
aquecer e se expandir.
"A maior contribuição, sem
dúvida, vem do aquecimento
do oceano, por meio de sua própria expansão", afirma Steve
Rintoul, líder de um grande
grupo de pesquisa franco-australiano, que divulgou seus resultados ontem.
Os satélites usados pelos
cientistas -o projeto de pesquisa é um dos maiores em andamento no continente branco- revela um aumento de 2 cm no nível médio do mar próximo à Antártida. Isso por causa de um aquecimento das
águas da ordem de 0,3C.
Para os pesquisadores envolvidos no projeto, o derretimento do gelo na região não tem
uma contribuição direta no aumento do nível médio do mar.
Rota longa
Para chegar até os resultados
apresentados ontem, os cientistas australianos e franceses
tiveram como base um conjunto de dados robusto. Em 15
anos, eles coletaram registros
de temperatura e salinidade em
várias profundidades até os
700 m. O trecho percorrido pelos barcos de pesquisa tinha
2.700 km. A distância que separa a Antártida da ilha da Tasmânia, no sul da Austrália.
De acordo com Rintoul, a
análise dos dados ainda permite afirmar que o nível do mar
não subiu de forma uniforme.
"E também nada permite dizer que o nível do mar vai continuar a aumentar no mesmo ritmo nos próximos anos."
Por falar em futuro, o próximo passo dos cientistas será
elucidar qual é o comportamento exato do carbono dentro
do processo de aquecimento atmosférico e oceânico.
Com essas informações, a
montagem do quebra-cabeça
ficará mais perto do fim.
"É significativo perceber que
nós identificamos mudanças
no ambiente físico. E, agora, alterações biológicas em resposta à mudança física", afirma o
cientista australiano.
Rintoul faz referência a outra
parte do estudo que acaba de
ser divulgada. Algumas espécies do fitoplâncton marinho
(conjunto de seres microscópios) estão migrando mais ao
sul exatamente por causa das
águas estarem mais quentes.
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