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HISTÓRIA
Cartas de Darwin vão para a internet
DA REDAÇÃO
"Pode ser uma delícia para
quem se interessa, mas como
eu gosto mais de mulheres
solteiras do que daquelas no
estado abençoado, eu declaro [isso] um tédio."
O rapaz que declina os supostos prazeres do casamento na frase acima é provavelmente a última pessoa que
poderia ser chamada de playboy mulherengo: Charles
Robert Darwin, pai da teoria
da evolução das espécies pela
seleção natural.
A carta, endereçada à irmã
Caroline em abril de 1832
(escrita, por sinal, no Rio de
Janeiro), é uma das 5.000
correspondências de Charles
Darwin que estão à disposição na internet desde ontem.
O site Darwin Correspondence Project (www.dar
winproject. ac.uk) é a primeira base de dados a reunir
textos integrais das cartas
que o naturalista inglês trocou com mais de 2.000 pessoas ao longo da vida.
Há correspondências de e
para parentes (Caroline, irmã mais velha, era uma de
suas maiores confidentes),
amigos, como Charles Lyell,
pai da geologia moderna,
Thomas Huxley, maior defensor de Darwin, e Alfred
Russel Wallace, co-descobridor da seleção natural.
Resultado de um esforço
de dez anos para reunir e
transcrever o acervo (mais
de 14 mil cartas já foram localizadas) em formato digital, o site promete ser a fonte
de muitas pesquisas sobre a
trajetória intelectual de Darwin, e de algumas respostas
sobre controvérsias históricas (como qual era de fato a
posição do gênio britânico
sobre a religião).
Mas, mais do que isso, dá
vislumbres saborosos da vida pessoal do cientista -como uma carta, escrita aos 12
anos a um amigo não-identificado, na qual o jovem Charles confessa que só lava os
pés uma vez por mês. "Não
posso evitar", escorrega.
(CA)
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