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Pesquisa no Brasil cresce 19% em um ano, diz Capes
Com dados de 2005, país passa a responder por 1,8% da ciência feita no mundo
Apesar do aumento, posição
no ranking mundial ainda é
a 17ª; crescimento obtido
desde 2001 em publicações
está próximo dos 50%
RAFAEL GARCIA
ENVIADO ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS
A produção científica brasileira cresceu 19% no último
ano, e o aumento foi impulsionado sobretudo por estudos da
área de medicina, revelou ontem a Capes (Coordenadoria de
Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior). O país teve entre 2004 e 2005 um aumento
de 13.313 para 15.777 no número de artigos publicados em periódicos científicos indexados,
o índice usado para medir a atividade de pesquisa. A estimativa foi montada com base em
dados do ISI (Instituto de Informação Científica).
"O Brasil cresceu 49% nos último cinco anos, o que significa
que provavelmente em três
anos vai ocupar a 15ª posição,
ultrapassando dois grandes
países à nossa frente, a Suíça e a
Suécia", disse o presidente da
Capes, Jorge Guimarães, em
entrevista coletiva no encontro
anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência), em Florianópolis.
O aumento no número de estudos médicos vem modificando o cenário de publicação
científica brasileiro desde
2002, já que historicamente a
área de física era a que mais
contribuía para a produção total. Desde esse ano, porém, os
médicos brasileiros têm publicado mais que os físicos. Em
2005, enquanto os primeiros
respondiam por 19,7% da produção, os segundos somavam
15%. Para a Capes, o avanço na
produção de artigos médicos se
deveu principalmente ao rigor
adotado na avaliação dos cursos de pós-graduação da área.
"Fizemos três avaliações duríssimas em 1998, 2001 e 2004 e
encerramos até cursos em instituições de prestígio."
Como a publicação é item
que conta pontos para a Capes,
o comportamento dos pesquisadores mudou. "Antes, as teses saíam e iam só para a prateleira da biblioteca, mas agora
estão publicando os artigos [sobre elas]", diz Guimarães.
Apesar de comemorar o crescimento das publicações, a Capes não divulgou ontem os números médios de impacto dos
estudos brasileiros. Esse é o nome dado por cientistas ao fator
qualitativo dos estudos -uma
espécie de "nota" atribuída a
um estudo, com base em fatores relativamente objetivos como número de vezes em que é
citado e o prestígio da publicação na qual saiu. Guimarães
afirma, porém, que o impacto
médio dos estudos brasileiros
está de acordo com a produtividade do País. Não haveria portanto, um caso de distorção como o da China, que produz
muitos estudos, mas a maioria
de impacto baixo.
Apesar do crescimento no
número de artigos publicados,
também não houve aumento de
um indicador científico que
serve para medir a atividade em
pesquisa tecnológica: patentes.
"Com relação a isso, a posição
brasileira ainda é muito vexatória", diz Guimarães.
O Brasil continuou estagnado na 27º posição entre os países que mais depositam patentes, sem fazer jus à participação
do país no PIB mundial (o Brasil é a 14ª economia do mundo).
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