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"O país não gosta de premiar os melhores e penalizar os piores"
DE SÃO PAULO
Nathan Berkovits, 49, professor do Instituto de Física
Teórica da Unesp, acha que
um clima de mais competição entre os pós-graduandos
faria bem para o país.
"O aluno americano sabe
que vai ter de ser o melhor
para conseguir emprego. Há
muita pressão sobre ele, mas
ele valoriza o estudo, se esforça", diz. "Não que todos os
alunos brasileiros sejam relaxados, os melhores daqui são
iguais aos melhores de lá.
Mas, na maioria dos casos, a
atitude é diferente."
Segundo ele, a prática de
"premiar os melhores e penalizar os piores", que no Brasil
ganhou o apelido de meritocracia, faria bem ao país.
"Entre todos os professores das federais, os salários
são iguais, as horas-aula
iguais. Não há uma maneira
para diferenciar um pesquisador bom de um ruim."
Mesmo prezando essa tradição americana -foi aluno
em Harvard, e nas universidades da Califórnia e de Chicago- Berkovitz acabou deixando os EUA. Ainda em sua
terra natal, casou-se com
uma brasileira. Veio conhecer o país, gostou e ficou,
mesmo depois de divorciado.
"Brasileiro trata estrangeiro até melhor do que trata o
próprio brasileiro", diz. Isso
talvez seja fruto de uma síndrome de inferioridade, apesar de ter impressão que isso
está mudando, diz o físico,
que chegou ao em 1994. Naturalizado desde 2002, não se
considera mais americano.
"O brasileiro acha estranho um estrangeiro querer
morar aqui. Mas é um lugar
bom para morar se você não é
pobre, apesar da violência."
O físico se incomoda com o
frio de São Paulo. "As casas
aqui são construídas para o
calor. Nos EUA você não sente frio dentro de casa."
Há onze anos, se casou
com outra brasileira. Não
pensa, por enquanto, em voltar. "Aqui não existe tanta
pressão para fazer o que todo
mundo está fazendo. Além
disso, algumas coisas melhoraram muito, como o CNPq."
Ele acha que o Brasil não
sabe atrair bons cientistas de
fora -processos de contratação em português ainda atrapalham numa área onde o inglês já é língua franca.
(RM)
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