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China sinaliza corte de emissões de CO2
Relatório de cientistas ligados ao governo sugere que produção de gases-estufa desacelere em 2020 e caia a partir de 2030
Embora documento não seja político, ele esboça uma mudança na posição do país
e disposição a um acordo em Copenhague, diz analista
Richard A. Brooks - 24.dez.08/Francepresse
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Poluição atmosférica encobre o horizonte em Honk Kong
DA REUTERS
A China precisa de metas rígidas para que suas emissões de
gases do efeito estufa desacelerem e comecem a cair até 2030,
indica um estudo produzido
por um grupo de pesquisadores
ligados ao governo do país.
O apelo por "metas quantificáveis" para limitar a poluição
de gases-estufa se opõe à política adotada por Pequim, que até
agora vinha evitando assumir
compromissos de corte.
"Em 2008, a China se tornou
o país que mais emite gases-estufa, e agora encara desafios
sem precedentes", afirma o relatório de 900 páginas, reconhecendo publicamente que a
população chinesa ultrapassou
a americana em queima de
combustíveis fósseis -apesar
de a emissão per capita ser mais
alta nos EUA. "Assim que possível, é preciso estudar e esboçar metas relativas e depois absolutas para limitar o volume
total de emissões de CO2."
O documento, intitulado
"Relatório de Energia e Emissões de CO2 na China de 2050",
propõe que o aumento das
emissões desacelere acentuadamente em 2020 e passe a
cair a partir de 2030.
Se a meta for alcançada, daqui a quatro décadas a produção de gases-estufa por queima
de combustível fóssil no país
"pode cair para o mesmo nível
de emissões de 2005, ou até
mais", afirma o estudo.
Apesar de produzido por assessores do governo chinês, o
relatório não equivale a uma
declaração política. O documento sinaliza, porém, que a
China deve buscar uma posição
para permitir a construção de
um consenso no próximo acordo global de corte de emissões.
O tratado, que deve ser firmado
em dezembro num encontro
em Copenhague, dará continuidade ao Protocolo de Kyoto,
que expira em 2012.
Pelo acordo atual, a China e
outros países em desenvolvimento estão desobrigados de
metas de corte de emissões.
Até agora, o governo chinês vinha resistindo a pressões para
que essa regra mude.
"Este relatório pretende
mostrar ao governo [chinês]
quais são suas opções", diz Deborah Seligsohn, da ONG
World Resources Institute, que
promove políticas contra o
aquecimento global. "Acho que
eles estão concentrando bastante seus esforços para levar
as negociações adiante."
Clima nos bastidores
No início do mês, o embaixador chinês para assuntos de clima, Yu Qingtai, afirmou que
seu país pretende reduzir a curva de crescimento das emissões
assim que possível.
Na próxima semana, o Comitê Permanente -autoridade do
Partido Comunista que define
as prioridades a serem apreciadas no parlamento chinês- deve analisar um outro relatório
sobre política para mudança
climática, afirmou a agência de
notícias estatal Xinhua.
Os autores do novo relatório
incluem especialistas em clima
de organizações chinesas como
o Instituto de Pesquisa Energética e o Centro de Pesquisa em
Desenvolvimento, que assessoram o governo. Os pesquisadores reforçam que o estudo é um
trabalho científico e não um
plano de metas definitivo. As
propostas, porém, já passaram
pelas mãos de autoridades e foram mencionadas numa reunião de cúpula do partido na semana passada. O documento
também lista os problemas estruturais que a China pode vir a
ter com o aquecimento global.
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