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Na Europa, paciente pode ganhar mais de 300 euros
DE SÃO PAULO
Segundo o governo nigeriano, em 1996 cientistas da
gigante farmacêutica americana Pfizer deram a cerca 100
crianças do país um antibiótico não testado chamado
Trovan. Onze morreram.
O país diz que eles não pediram o consentimento das
famílias, sabendo que poderiam pôr a vida dos pacientes
em risco. A empresa nega.
O caso inspirou duas coisas. Uma delas foi o romance
"O Jardineiro Fiel", do britânico John le Carré, levado aos
cinemas pelo brasileiro Fernando Meirelles.
A outra foi uma decisão,
em junho deste ano na Suprema Corte dos EUA, abrindo caminho para que os familiares peçam indenização.
É um caso emblemático de
testes feitos por multinacionais em países pobres. Ao
contrário dos EUA e Europa,
neles as leis são menos restritivas, e eventuais processos
por danos ficam mais remotos. Proteger-se dos testes é
um argumento dos que defendem vetar pagamentos.
Mesmo Estados Unidos e
Europa, porém, em geral não
têm grandes restrições à
ideia de pagar pela participação de voluntários. Eles avaliam caso a caso os projetos
nos seus comitês de ética.
Na Europa, um sujeito saudável que aceite ficar à disposição dos médicos em um
hospital por dois dias pode
ganhar mais de 300 euros.
"Eu trabalhei três anos nos
EUA, a gente convocava voluntários normais pagando,
era absolutamente natural",
diz Jorge Moll Neto, da Rede
D'Or de Hospitais, no Rio.
"Hoje em dia, o sistema
nos EUA oferece pouco risco
para os participantes. A grande maioria dos estudos não
traz problemas para a saúde.
Um exemplo é o mapeamento mental. Não estamos falando de injetar algo tóxico."
"No Brasil, existe uma certa rejeição de modelos mais
capitalistas, que envolvem
pagamento, é uma reação
exacerbada. Os comitês de
ética deveriam avaliar melhor cada caso", diz.
(RM)
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