São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2010

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Na Europa, paciente pode ganhar mais de 300 euros

DE SÃO PAULO

Segundo o governo nigeriano, em 1996 cientistas da gigante farmacêutica americana Pfizer deram a cerca 100 crianças do país um antibiótico não testado chamado Trovan. Onze morreram.
O país diz que eles não pediram o consentimento das famílias, sabendo que poderiam pôr a vida dos pacientes em risco. A empresa nega.
O caso inspirou duas coisas. Uma delas foi o romance "O Jardineiro Fiel", do britânico John le Carré, levado aos cinemas pelo brasileiro Fernando Meirelles.
A outra foi uma decisão, em junho deste ano na Suprema Corte dos EUA, abrindo caminho para que os familiares peçam indenização.
É um caso emblemático de testes feitos por multinacionais em países pobres. Ao contrário dos EUA e Europa, neles as leis são menos restritivas, e eventuais processos por danos ficam mais remotos. Proteger-se dos testes é um argumento dos que defendem vetar pagamentos.
Mesmo Estados Unidos e Europa, porém, em geral não têm grandes restrições à ideia de pagar pela participação de voluntários. Eles avaliam caso a caso os projetos nos seus comitês de ética.
Na Europa, um sujeito saudável que aceite ficar à disposição dos médicos em um hospital por dois dias pode ganhar mais de 300 euros.
"Eu trabalhei três anos nos EUA, a gente convocava voluntários normais pagando, era absolutamente natural", diz Jorge Moll Neto, da Rede D'Or de Hospitais, no Rio.
"Hoje em dia, o sistema nos EUA oferece pouco risco para os participantes. A grande maioria dos estudos não traz problemas para a saúde. Um exemplo é o mapeamento mental. Não estamos falando de injetar algo tóxico."
"No Brasil, existe uma certa rejeição de modelos mais capitalistas, que envolvem pagamento, é uma reação exacerbada. Os comitês de ética deveriam avaliar melhor cada caso", diz. (RM)


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